Wednesday, August 05, 2009

INEVITÁVEL


Obama parece estar a defrontar sérias dificuldades na adopção das medidas de segurança social, nomeadamente a assistência médica a toda a população, que fizeram parte do seu compromisso eleitoral, determinando uma queda abrupta no elevado grau de popularidade que até agora tinha caracterizado os primeiros meses do seu mandato. O que parece estranho é a penalização observada pela intenção de cumprimento de um compromisso.

Essa penalização, que corresponde à adopção de uma política várias vezes tentada por administrações democratas no passado sem sucesso, decorre em grande parte da oposição da ala conservadora democrata em conjuntura económica tão deprimida que só encontra paralelo nos anos da Grande Depressão. Assim, da aliança perversa entre republicanos e conservadores democratas pode resultar um bloqueio às intenções de Obama que cortará mais uma vez o caminho para uma sociedade mais justa.

E, no entanto, porque não há justiça sem justiça social, nem segurança interna sem equidade social que contenha a revolta dos mais desfavorecidos, as políticas de segurança social que Obama pretende adoptar não são apenas necessárias à coesão de uma sociedade cada vez mais cultural, racial e religiosamente heterogénea, como são inevitáveis em democracia. E, redobradamente, quando a crise aumenta o fosso da desigualdade.

Insinuar, como se vem observando em alguns media, que Obama se pôs a caminho do socialismo, coisa que nos EUA é popularmente identificado como comunismo, é de uma estreiteza de perspectiva que não pode deixar de causar sérios rombos na convivência razoavelmente pacífica que o melting pot norte-americano conseguiu durante as décadas de crescimento económico que se sucederam à Segunda Guerra Mundial.
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O eventual insucesso de Obama num campo que foi imagem de marca do seu discurso eleitoral influenciaria negativamente a acção futura da sua administração em aspectos vitais para os EUA e para o mundo:a superação da crise económica e a segurança mundial.
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Oxalá os conservadores democratas percebam isso, já que do lado republicano a divisão entre eles só lhes sugere uma única posição de unanimidade: contrariar as medidas da administração democrata.

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