Saturday, July 11, 2009

OBVIAMENTE

Bancos rejeitam proposta de Grupo Orey para o BPP
Grupo Orey garante que compra do BPP não exige investimento do Estado
Constâncio confirma ter recebido proposta do grupo Orey para o BPP
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Há coisas que só acontecem nos filmes, há notícias em que só os jornalistas querem acreditar.
A notícia, amplamente divulgada ontem, de que a Orey tinha comprado o BPP por um euro, e de que o encerramento do negócio se encontrava apenas dependente da autorização do Banco de Portugal, só era credível para quem tinha interesse em que o fosse. Mas não tinha a mínima sustentabilidade, nos termos em que era anunciada.
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Hoje, soube-se que os bancos que haviam emprestado 450 milhões de euros, com garantia do Estado, para que o BNP pudesse solver compromissos junto de um banco estrangeiro, o City se a memória não me falha, rejeitam, obviamente, dar poleiro a um concorrente subscrevendo como capital os empréstimos garantidos. Nem outra posição poderia esperar-se da parte de quem teria muito a perder e nada a ganhar ao apoiar uma proposta, que lhes retiraria as garantias que o Estado lhes concedeu, sem quaisquer contrapartidas.
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Significa esta rejeição que os bancos credores não consideram que a eventual falência do BPP possa ter efeitos sistémicos sobre as suas próprias posições ou que, se esse risco existe, é mínimo,
e que o Governo, estando amarrado a compromissos que impedem o Estado de sair do negócio sem prejuízos para os contribuintes, colmatará esse risco.
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Donde resultará, muito provavelmente, uma transformação dos empréstimos garantidos em capital subscrito pelo Estado, tornando-nos (a nós contribuintes) "silent partners" de um banco que foi um ninho de vigarices. Apesar do que garantiam ontem os gestores do Grupo Orey e as declarações do Ministro das Finanças: de que a compra do BPN pelo Grupo Orey não envolveria qualquer investimento do Estado. Na altura, os bancos credores ainda não se haviam pronunciado, mas era muito óbvio que iriam recusar patrocinar um concorrente.

2 comments:

António said...

Disto ninguém sabe nada.
Disto e de outras coisa, só o sr. governador é que sabe.
O resto, é tudo burros.
E não sabíamos mas ficámos a saber que aquele cadeirão, lá no bp, tem cola.
E essa cola só sai se for esfregada com muitos milhões, tal deve ser o caldo cozinhado.

Rui Fonseca said...

"aquele cadeirão, lá no bp, tem cola."

Não sei se vai lá com alguma esfrega. Penso antes que temem o risco de, ao sair, ficar à mostra, do banco, o buraco.