Wednesday, June 11, 2008

REGRA DO JOGO

J Miguel Júdice e António Barreto constituem mais uma das parelhas que entram em nossas casas, se os mandamos entrar, para nos dizerem porque é que não somos felizes. O figurino é o mesmo de todos os outros programas gémeos: o moderador coloca as questões e os opinadores dizem o que lhes parece. Vi este trio ontem à noite, já o programa acabava, quando a questão em discussão pedia uma simulação: Se votasse nas eleições presidenciais norte-americanas, votaria em quem? As respostas de um e do outro merecem um comentário.
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J Miguel Júdice votaria em Obama, aliás a presidência do EUA é tão determinante na vida de todos os povos que a votação deveria ser alargada a toda a gente que habita o planeta. E votaria em Obama porque são estas coisas que nos fazem ficar de bem com a humanidade, os norte-americanos negros ainda só há cerca de quarenta anos viram ser-lhes outorgados os direitos cívicos e agora apresenta-se ao eleitorado um candidato meio negro capaz de vir a ser o primeiro presidente não branco. Se será presidente, J Miguel Júdice tem dúvidas porque, como bem diz o António que defronte dele, mudam-se as sociedades na epiderme mas no lastro levam muito mais tempo a mudar. O racismo ainda existe na América, Obama vai ter muitas dificuldades em ganhar.
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Quem topa Júdice é Marinho Pinto, actual bastonário da Ordem dos Advogados, quando afiança que "José Miguel Júdice causa hoje mais dano à democracia que qundo andava em Coimbra a propagandear os ideais do Hitler e do Mussolini" (Expresso de 7/6/2008). E que "o PS vai pagar caro concubinato com Júdice" .
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Não faço a menor ideia do valor da factura prevista por Marinho Pinto mas, a ser verdadeira a tese da derme e da epiderme de Barreto citada por Júdice, deve continuar a sobrar na interioridade de Júdice muita inclinação dos seus tempos em Coimbra.
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Barreto não declinou o seu sentido de voto mas deixou perceber que votaria McCain se Obama continuar a prometer uma retirada apressada do Iraque. O que, não sendo de todo em todo inesperado em Barreto que gosta frequentemente de saltar para o lado menos procurado, é sintomático de uma duplicidade incongruente: por um lado critica a presença norte-americana, por outro receia que ela termine a curto prazo. A retirada, segundo Barreto, deve demorar se for preciso para que não fiquem mal vistos os EUA e a Europa no fim da guerra.
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Pode Barreto estar descansado, e todos os que pensam em duplicidade como ele, porque os EUA não vão retirar tão cedo do Iraque, quer seja presidente Obama ou McCain.
Por uma razão simples: Não podem.

2 comments:

António said...

Bom dia!
Você hoje esmerou-se.
Claro que os EU não podem sair do Iraque. Agora que a coisa está mais calminha é que iam sair? E deixavam aquilo para quem? para o Irão? A Russia? Os do Bin?
Não convém, de maneira nenhuma.
Eu, como não gosto de racistas, voto no Maquém.

Rui Fonseca said...

Caro António, boa tarde!

Andei há uns tempos a ler um livro que recomendo aqueles que queiram perceber melhor a Al-Qaeda e arredores: The Looming Tower. O Pacheco Pereira fez uma apreciação crítica desse livro há dois meses, salvo erro. Vale a pena ler a crítica quem não tiver possibilidade de comprar o livro.

PS - Obama não é, nunca foi, estou certo que nunca será racista.