Tuesday, June 10, 2008

OBAMA E ISRAEL

O meu Amigo Francisco C. estranhava há dias que Obama tivesse declarado que Israel é intocável.
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Não conheço os exactos termos em que Obama expressou a sua posição relativamente ao estado judaico mas li ( El País, de Domingo último, caderno "Será Presidente?") que Obama, que antes havia declarado que se reuniria com o presidente do Irão sem condições para alcançar a paz, durante uma reunião com a Associação de Assuntos Públicos Estados Unidos-Israel, afirmou-se um verdadeiro amigo de Israel e acusou os palestinianos do grupo extremista Hamás de corruptos e falsos profetas do extremismo. Obama prometeu, na oportunidade, que Jerusalém continuará a ser a capital indivisa de Israel, e que a sua segurança nunca será colocada em cheque.
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Poderia dizer o contrário?
Independentemente do peso dos judeus norte-americanos na vida económica e política dos EUA, que não pode ser descurado por qualquer candidato à presidência, poderiam os EUA deixarem de proclamar o seu alinhamento com um estado cuja fundação também favoreceram?
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Penso que não. Israel, visto no mapa, é um espaço pequeno rodeado por todos os lados por territórios extensos governados por regimes geralmente hostis, a maior parte dos quais pretende destruí-lo. Talvez a recriação do estado de Israel tenha sido um grande erro histórico mas consentir o seu aniquilamento seria consentir de novo um incomensurável ultraje à dignidade humana. A paz é possível?
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Anos de guerra e de acordos de paz fracassados ou rompidos levam a pensar que o furúnculo não se extirpará jamais. Aquele território parece ter sido condenado pelos deuses que o habitam a servir de palco a confrontações milenares. Se houver uma solução ela terá de passar pela ocupação por tropas das Nações Unidas e o desarmamento nuclear de Israel e de todos os países à volta. Talvez Obama tenha a intuição, a capacidade, o engenho, para negociar a paz usando as Nações Unidas como escudo protector das suas propostas. Se não conseguir, os EUA continuarão irremediavelmente responsáveis pela sobrevivência de Israel. Pelo menos enquanto forem a potência militar indiscutível que hoje são.
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Jeremiah A. Wright, pastor, que foi mentor de Obama durante anos quando este era organizador comunitário num bairro problemático de Chicago em meados dos anos 80, foi o grande perturbador da campanha eleitoral de Obama nas primárias ao afirmar nos seus inflamados sermões: "Deus amaldiçoe a América! Merecemos os (atentado terroristas) de 11 de Setembro, pela violência no Médio Oriente. Todo o mal que fizemos noutros países volta-se contra nós."

2 comments:

aix said...

A questão de Israel é demasiado complexa para ser tratada em postas naturalmente breves e desapaixonadas. Começa logo com a sua criação tão artificial que a reserva judaica decidida pela força dos EUA na ONU esteve para ser localizada em território africano onde os indígenas, provavelmente como os palestinianos, iriam sentir-se ofendidos.O que o F.Carvalho pediu para o «Aliás» comentar(obrigado)foi a rapidez e a ligeireza com que um candidato a Presidente de um País que, pela sua força, tem obrigação de contribuir para a paz no mundo,deita para a fogueira achas (como a de Jerusalém judaica e indivisível)que «falcões» não ousaram.Para submeter-se ao poderosíssimo lobby judaico o povo americano não precisaria de aspirar a um refrescamento da política global seguida pelo execrável G.W.Bush.Em consciência o que poderá levar um votante americano honesto a optar por Obama ou por McCain?
Ou eu me engano muito ou os (i)reponsáveis americanos estão a levar este frágil planeta para uma catástrofe sem precedentes.Dizem que a História não se repete, mas...

Rui Fonseca said...

Pois o meu Amigo Francisco C. que me desculpe mas não leu bem o que eu disse.Obama, como MacCain ou qualquer outro eventual presidente dos EUA não pode deixar de apoiar Israel até pelos interesses estratégicos irrenunciáveis que têm naquela zona do mundo.A destruição de Israel, pretendida pelo presidente od Irão (e não só) não pode ser consentida pelos EUA.

Mas enquanto não houver negociações que coloquem todos os intervenientes de acordo não haverá paz. E esta só pode ser então, se for, assegurada pela intervenção da ONU que torne na prática Jerusalém na situação de território militarmente neutro.

Há alternativa?

"um candidato a Presidente de um País que, pela sua força, tem obrigação de contribuir para a paz no mundo"

De acordo. Como é que isso se faz no caso de Israel e de Jerusalém em particular?