Monday, June 02, 2008

O VALOR DAS OPINIÕES

A realidade mais abundante na Terra são as opiniões. Não há quem não tenha. Uma grande parte é distribuida de forma gratuita, pelo menos aparentemente, porque frequentemente essa gratuitidade aparente tem preços escondidos. Henry Paulson, secretário do tesouro dos Estados Unidos, entendeu colocar ontem achas na fogueira dizendo que a crise dos mercados financeiros ainda está para demorar. Nada que não tenha já sido dito e redito por mil um comentadores encartados. Mas dito por Paulson a coisa fia mais fino. Resultado: As bolsas abriram a cair.
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Quando ouço estas declarações, duas interrogações me ocorrem:
- Não valeria mais que o tipo estivesse calado?
- A quem aproveita a declaração?
A segunda questão está implícita na primeira: Se Paulson disse o que disse é porque tem algum objectivo a atingir. Dito de outro modo, Paulson ao opinar, porque não está seguro do que diz, tenta curvar a tendência em benefício de alguém, eventualmente dele próprio. Caso contrário, ficaria calado. Como e quem pode beneficiar com sinais de alarme quando não se pode puxar mais o travão sob pena de descarrilamento? Tendencialmente, se os alarmes se multiplicam, multiplicar-se-ão as probabilidades de o sinistro acontecer. A menos que o sinistro possa ser minorado. Mas a esse respeito Paulson não disse como. Porque se houvesse como o discurso de Paulson seria outro. Não?
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Já teria feito muito sentido que o secretário de estado do tesouro tivesse prevenido, e eventualmente evitado, o acidente se tivesse falado antes dele ter ganho a dimensão que atingiu.
Lamentavelmente, na altura própria nada disse que tivesse sido ouvido. Apesar dos sinais evidentes do inchar da bolha especulativa e dos negócios obscuros que foram montados à volta dela. Por uma questão de decência, Paulson deveria estar calado enquanto a administração a que pertence não for substituída.
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Lá, como cá, opiniões há. As soluções é que escasseiam.

Henry Paulson, secretário do Tesouro norte-americano, acredita que ainda vão passar alguns “meses” até que a turbulência nos mercados financeiros termine e reiterou o seu compromisso no sentido de um dólar “forte”. “Estamos a falar de meses e continuarão a encontrar-se solavancos na estrada”, referiu Paulson na resposta às questões colocadas depois de um discurso em Abu Dhabi. Outra das questões colocadas ao secretário do Tesouro dos EUA prendeu-se com a atitude do país face à fraqueza da moeda americana. “Os mercados respondem aos fundamentais económicos”, adiantou Paulson, citado pela agência Bloomberg. O responsável sublinhou que todas as economias têm os seus altos e baixos, “e os EUA dirigem-se para um período robusto. Acredito que os fundamentais económicos de longo-prazo vão ser reflectidos na nossa moeda”. Quanto aos recordes dos preços do petróleo, Paulson acredita que estes representam, para os países da zona do Golfo, “uma oportunidade histórica de sustentar os seus fundamentais económicos, diversificar as suas economias e fazer investimentos necessários no capital humano – passos que devem ajudar a evitar ciclos de crescimento e queda do passado e suportar o crescimento geral”.

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