Wednesday, January 31, 2007

O DISCURSO DO TAXISTA DO VASCO


(ontem, á noite, na RTP 1)

Vasco & Constança, Constança & Vasco, constituem uma parelha com discurso tirado em corrida de táxi para qualquer lado da cidade.

Entram, rodam o botão ao homem da frente, depois é só passar ao papel e passar o recibo. Ontem o Vasco nem trabalho de passar ao papel teve. Colocaram-lhe uma câmara à frente, mudaram-lhe duas ou três vezes o cenário, incluindo o fato e a gravata, e o Vasco torceu as mãos, o pescoço, e as meninges, ao mesmo que declamava o texto mil vezes decorado. Não sei a que horas terminou, porque antes que ele acabasse comigo acabei eu com ele, rodei o botão à televisão e despedi-o.

Que disse o Vasco? O habitual, já se sabe. Com uma confissão preliminar para contrapeso ao que debitou a seguir: O Vasco confessou que gosta dos portugueses…gosta! Gosta do merceeiro, do barbeiro…gosta dos portugueses em geral…Não gosta dos franceses, não, dos franceses não gosta, nem com molho de tomate, mas dos portugueses gosta…

Mas os portugueses são uma lástima, uns desorganizados, uns atrasados sistemáticos, o que se explica porque somos (fomos) um país de campónios e, já se sabe, quem amanha a terra não tem regras nem horários, daí que ninguém chega a horas a reuniões. Uma vez quiseram (não percebi quem quis) organizar apostas de corridas de cavalos, foi um descalabro, falhou tudo. Queremos imitar sempre, somos (maus) imitadores por natureza, toda a nossa história é uma história de imitação, não há ideias, aconteceu o 25 de Abril e não apareceu um ideia nova, agora queremos ser como a Finlândia, mas a Finlândia…nós não somos a Finlândia, não é? Há uns políticos, uns economistas, que pensam que isto se resolve com receitas, mas não resolve, se se resolvesse já tinha sido resolvido o problema do subdesenvolvimento, não havia países subdesenvolvidos, e há, tanto há que não sabem organizar corridas de cavalos, têm de tirar o cavalo…Depois há quem ache que se deve financiar a cultura, a cultura é tratada como uma religião, o Vasco foi Secretário de Estado da Cultura e apareciam-lhe uns tipos que não tinham dúvidas, ao Vasco sempre fez espécie que esses tipos, que queriam subsídios, não tivessem dúvidas, …e não temos nada que seja nosso, não temos uma dramaturgia nossa, …bom tivemos o Frei Luis de Sousa, e querem subsídio… somos um país periférico, não temos carvão, não temos minérios,…
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Temos o Vasco & Constança. Que mais queremos nós?

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