Wednesday, January 31, 2007

A HORA DA GLÓRIA


Comentário a

Milton Friedman got it right, and Plato got it wrong

em

A Arte da Fuga

O que Milton Friedman propôs em toda a sua obra encaminhou-se sempre para a redução dos limites das atribuições do Estado.A teoria monetarista não é se não um corolário da filosofia subjacente a todo o seu pensamento liberal e, neste sentido, uma contestação da intervenção estatal preconizada por Keynes.
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Mas a questão que se coloca é sempre a mesma: o monetarismo opõe-se em definitivo gloriosamente ao keynesianismo ou cada qual tem a sua hora de glória, dependendo das circunstâncias da hora?
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Tal como o homem, a economia é ela mesma e as suas circunstâncias, passe a paráfrase. Foi o republicano Nixon quem afirmou perante o seu Gabinete : "Hoje somos todos Keynesianos". Nos tempos que correm o credo passou a ser "Somos todos monetaristas".
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Ninguém com bom senso negará os valiosos contributos de um de e de outro, e de muitos que não vamos para aqui chamar agora. Platão já ficou muito lá para trás na translucidez do tempo e os seus sinais, que chegam indispensavelmente até nós, não perderam valor, simplesmente ocorreram noutras circunstâncias.
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Dito isto, e desculpe-me por ter vagueado, concluo dizendo-lhe que também a mim me parece que seremos tanto mais livres e responsáveis, e mais prósperos, quanto mais dispensarmos a sombra do Estado; Mas o Estado, sendo minimizável, não é extinguível nas cada vez mais complexas cidades de hoje.
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De modo que, mais do que insistir na recitação ad nauseum do credo, me parece mais útil a discussão de propostas de redução do Estado que temos e a forma de optimização das funções do Estado que não podemos deixar de ter.
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PS - Estive há dias na Casa da Gandarinha em Cascais onde se encontra uma mostra de Arquitectura intitulada "Cidade Dual". A ideia subjacente é a mesma que há dias lhe referi ao comentar o seu "post" sobre "O Mundo é Plano" de Thomas L.Friedman: o de incentivar as pessoas a deslocarem-se menos para realizar as suas actividades profissionais. O Estado, se quisesse, poderia dar a esta ideia um grande contributo pelo exemplo.

E poupar-nos-ia nos impostos, para só citar uma vantagem.

AA-
A teoria monetarista não é se não um corolário da filosofia subjacente a todo o seu pensamento liberalAntes pelo contrário: a teoria monetarista é a faceta mais criticável do pensamento de Milton Friedman...

RF-
"a teoria monetarista é a faceta mais criticável do pensamento de Milton Friedman..."
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Criticável do ponto de vista de quem vislumbre como meta possível a extinção do Estado. Para quem não tenha ainda atingido esse estádio avançado anti-estatista ("liberalismo não é anti-estatismo", ainda segundo alguns) dificilmente pode conceber uma ordem financeira internacional sem intervenção central.
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O monetarismo recorre à intervenção mínima para a a consecução de resultados máximos, segundo M.F.

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