Wednesday, July 16, 2014

PESCADO DE RABO NA BOCA

À primeira vista Henrique Granadeiro era a "bête noire",  o culpado até aos gorgomilos de um investimento astronómico desastrado para desenrascar o amigo e protector, ou vice versa, Ricardo Salgado. Segundo esta versão, Granadeiro teria tomado uma decisão de altíssimo risco sem consultar o conselho de administração, sem informar a parceira Oi e sem dar cavaco ao grande mágico, Zeinal Bava. A Oi, aliás, informou o mercado que não tinha sido ouvida e, segundo as notícias, Zeinal Bava mostrou-se surpreendido com a notícia.

Segundo o Expresso de hoje, - vd. aqui - O conselho de administração da Portugal Telecom estará a  avaliar, relativamente à dívida da Rioforte, a possibilidade de processar o Banco Espírito Santo.  O BES, que tem um acordo de parceria desde 2001 com a PT, foi sempre quem aconselhou os vários investimentos feitos pela operadora. E foi também quem indicou o investimento em papel comercial da Espírito Santo International e da Rioforte.
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Lê-se isto, e o nosso espanto não tem medida. 
Como é que Zeinal Bava ignorava a existência de uma dívida que foi rolando ao longo de vários anos, durante a maior parte dos quais ele mesmo foi primeiro responsável pela gestão da PT?
Como é que a Oi desconhecia, quando se realizaram as negociações de fusão, a existência no activo da PT de um valor descomunal relativamente aos activos totais da PT? Podia o BES desconhecer a situação financeira da Rioforte e, deste modo, ter recomendado os empréstimos da PT à Rioforte de boa fé? Não podia. Ricardo Salgado, presidente do BES estava inteiramente ciente da situação financeira do grupo Espírito Santo.
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As dúvidas acumulam-se e adensa-se a opacidade da situação. O governador Carlos Costa reafirma a garantia que o banco está sólido, as acções do BES conseguiram hoje uma recuperação memorável de 20%!, no mesmo dia em que a PT diz pretender responsabilizar o banco por uma tramóia em que todos - Bava, Granadeiro, Salgado, e outros comparsas?, e a Oi? - foram intérpretes. Até agora só Granadeiro tinha aparecido na fotografia. A rapidez com que foram renegociadas as condições de alteração da participação da PT deixa antever que, com o tempo, haverá mais gente a ficar muito mal nela.
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Act. - (17/7) Granadeiro fora da empresa que resulta da fusão PT/Oi "A decisão poderá prender-se com o facto de Granadeiro ter aprovado o aumento da exposição da PT ao GES, no mês de Fevereiro de 750 milhões de euros para 950 milhões".    

Vamos lá a ver se percebi bem. Até Fevereiro a exposição da PT ao GES estava em 750 milhões. Quem aprovou? Não pode ter sido apenas Granadeiro, se fosse a decisão de o afastar não poderia resumir-se à aprovação de mais 200 milhões. Alguém aprovou, ou homologou, a aprovação da exposição até 750 milhões. Alguém que não pode ter sido Granadeiro. Quem foi? Não sabemos. Mas é altamente improvável que o conselho de administração da PT, Zeinal Bava, e o conselho de administração da Oi desconhecessem o valor que tinha atingido a exposição até fevereiro. Decidiram, em algum momento, bloquear qualquer aumento dessa exposição e Granadeiro desrespeitou essa decisão? É improvável. Se o aumento da exposição autorizada por Granadeiro em fevereiro tivesse desrespeitado qualquer decisão em sentido contrário, como é que o mesmo Granadeiro se mantem na presidência da PT desde fevereiro? Ninguém olhou para as contas?
Continuamos a assistir ao desbobinar de thriller. 
Habitualmente, neste género de fitas os culpados tardam a aparecer.
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(24/7) -
Carlos Tavares: CMVM suspeita de crime no negócio PT/GES.
"No caso da PT, não funcionaram os mecanismos de controlo interno da sociedade. Como é que foi possível?" O líder do supervisor confessou estar surpreendido que tal posso ter acontecido "numa empresa cotada, com muitos acionistas, sem que os órgãos devidos de controlo tenham funcionado".  "Não nos basta aquela afirmação de que não sabiam. 900 milhões de euros não se escondem em qualquer sítio. Alguém, dentro dos auditores, do revisor oficial de contas, alguém tem que pedir informações". Daí, no seu entendimento, terá que haver responsabilização dos auditores e dos órgãos de fiscalização da PT. Até porque o mercado tem que saber "se a PT está exposta a riscos que não sejam do seu próprio negócio". - cf. aqui.




3 comments:

Nacionalista said...

Mas é altamente improvável que o conselho de administração da PT, Zeinal Bava, e o conselho de administração da Oi "desconhecem-se" o valor que

E o burro sou eu?

Rui Fonseca said...

Não é burro não senhor, salvo o devido respeito ao simpático animal.
E os direitos de autor devidos ao senhor Luis Felipe Scolari.

Muito obrigado pela sua atenção. Já corrigi. Na certeza, no entanto, de que este caderno contém muitos erros de vários tipos.

Pelos erros de sintaxe e ortografia responde a minha preguiça em recorrer ao corrector automático.

Rui Fonseca said...
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