Sunday, July 13, 2014

O PATRIOTA

Pacheco Pereira dedicou os seus mais recentes escritos no Publico aqui, e aqui, à  demonstração de que "a direita deixou de ser patriótica", albergando o historiador, nesta matéria, como direita o PSD, CDS e o PS. Como o BE nem é nem deixa de ser, deduz-se que o patriotismo mora agora no PCP, supondo-se que Pacheco Pereira, que é filiado no PSD admite que existam alguns, raros, tresmalhados da direita ao lado dos comunistas na defesa da independência nacional.

Previne P Pereira que usa o termo “patriotismo” num sentido vago de um sentimento comum de partilha a uma mesma comunidade com identidade histórica e nacional, linguística, cultural, territorial, que define fronteiras e interesses comuns e que pressupõe que esses interesses têm que ser defendidos num quadro de competição ou conflitualidade com outros interesses. É o sentimento de risco permanente, logo de defesa activa, dos interesses de uma comunidade nacional, que é o elemento dinâmico daquilo que se possa chamar patriotismo."  Entre este patriotismo que supõe uma conflitualidade de interesses demarcados por fronteiras territoriais e o nacionalismo que combate a unidade europeia, que se constituiu para primordialmente garantir a paz na Europa, que diferença existe? 
Parece que nenhuma. Pacheco Pereira, aliás, encarece de modo muito saliente o papel dos militares  na defesa activa dos interesses da comunidade nacional, e critica acerbamente "o abandono do patriotismo por parte do actual poder político,  muito evidente no modo como actua em relação  às Forças Armadas". Infere-se daqui que, segundo Pacheco Pereira, Portugal deve dispor de Forças Armadas capazes de garantirem, orgulhosamente sós (deduzo eu), a soberania no interior do seu território. Perante a ameaça ou invasão de quem, não diz. 

Num aspecto concordo com Pacheco Pereira, mas com objectivo diferente: o fim do serviço militar obrigatório foi um erro enorme. A participação na defesa comum europeia deveria pressupor o treino e envolvimento, se necessário,  de todos os cidadãos em idade conveniente. Se assim fosse, a consciencialização da identidade europeia seria mais facilmente adquirida. Lamentavelmente, do meu ponto de vista, assiste-se a um retrocesso na integração europeia em consequência do aceno nacionalista aos mais fustigados pela crise.

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