Ouço na rádio que o ministro Nuno Crato vai a Berlim*, a convite da srª. Merkel, para assinar um memorando de entendimento para a cooperação na área do ensino profissional. Na Alemanha, e em vários outros países, existe um sistema dual de formação profissional que consiste, na aqusição, em simultâneo, de conhecimentos fundamentais e gerais na escola e da especialização profissional nas empresas (on the job, para utilizar o vulgar jargão anglo saxónico).
Sempre considerei inconsistente a mensagem muito propalada, e geralmente adquirida como uma verdade incontestável, de que a extinção do ensino técnico era uma das causas do declínio da economia portuguesa. Os jovens saem da escola sem saberem fazer alguma coisa", argumentam. Há muito tempo que anotei neste bloco de notas (vd aqui ) o meu desacordo acerca do modo como o ministério da Educação tem vindo a tentar reinstalar um ramo do ensino, que é sem dúvida essencial para a formação de competências em muitas áreas que não requerem formação a nível universitário, reformatando o modelo que, tendo dado bons resultados até às décadas de 60/70 do século passado, já não respondia à diversidade e especialização de funções que se observou a partir daí em todo o mundo. A respeito do assunto, não era difícil saber o que ia por esse mundo fora, mais ou menos próximo, mas foi necessário que Mamã Merkel convidasse o actual ministro e lhe oferecesse a assinatura de um memorando de entendimento para lá chegarmos. Será, portanto, o segundo memorando de entendimento.
O, até agora, outro segundo memorando de entendimento, que uns reclamam, outros receiam, outros consideram inevitável, e que o Governo, depois de rejeitar, crismou de "refundação do acordo", quando ocorrer, será terceiro.
A este respeito, Mamã Merkel**, foi anteontem muito peremptória, durante um congresso regional do seu partido ao afirmar que são necessários mais cinco anos de austeridade para a Europa recuperar a competitividade perdida e tornar-se de novo um espaço atractivo para o investimento, condição necessária ao crescimento económico e ao desenvolvimento social.
Ao mesmo tempo, volta a ser notícia uma não notícia, por tantas vezes já ter sido anunciada: "A Grécia fica sem dinheiro para salários se não lhe entregam mais 13,5 mil milhões de euros até ao dia 12 deste mês"***. Verdade ou não, o que ninguém pode negar é que a Grécia já vai no quinto ano consecutivo de recessão (Portugal, no terceiro) e é inacreditável que a situação seja sustentável por mais cinco como pretende Mamã Merkel.
O, até agora, outro segundo memorando de entendimento, que uns reclamam, outros receiam, outros consideram inevitável, e que o Governo, depois de rejeitar, crismou de "refundação do acordo", quando ocorrer, será terceiro.
A este respeito, Mamã Merkel**, foi anteontem muito peremptória, durante um congresso regional do seu partido ao afirmar que são necessários mais cinco anos de austeridade para a Europa recuperar a competitividade perdida e tornar-se de novo um espaço atractivo para o investimento, condição necessária ao crescimento económico e ao desenvolvimento social.
Ao mesmo tempo, volta a ser notícia uma não notícia, por tantas vezes já ter sido anunciada: "A Grécia fica sem dinheiro para salários se não lhe entregam mais 13,5 mil milhões de euros até ao dia 12 deste mês"***. Verdade ou não, o que ninguém pode negar é que a Grécia já vai no quinto ano consecutivo de recessão (Portugal, no terceiro) e é inacreditável que a situação seja sustentável por mais cinco como pretende Mamã Merkel.
Por este andar, um dia destes, a União Europeia subscreverá o seu primeiro e último memorando de comum desentendimento.
---*Nuno Crato vai a Berlim assinar acordo sobre o ensino profissional
**Merkel pede mais cinco anos de austeridade e esforços
***Faltam 15 dias para a Grécia ficar sem dinheiro para salários
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