A União Europeia vai mal. A Zona Euro está ameaçada de desintegração, e se se desmorona, todo o edifício da União vai abaixo. A teoria da demolição controlada das partes mais fragilizadas, já ninguém a compra. As estruturas encontram-se demasiadamente interligadas para se retirar uma vigota sem derrubar uma coluna. A dúvida é se os líderes europeus, leia-se alemães e companhia do norte, vão encontrar a tempo meios para evitar o desmoronamento, com as consequências, que podem ser dramáticas, porque podem degenerar num conflito bélico alargado. Se tal ocorrer, a Alemanha será, outra vez, a principal responsável, mas ingleses e franceses, mas sobretudo os primeiros, não escaparão a responsabilidades nem às consequências.
Os povos precisam muitas vezes de causas exteriores para justificar os seus insucessos colectivos. A ameaça externa origina movimentos de união no seio de sociedades que, de outro modo, se desintegrariam em consequência de razões predominantemente internas. A União Europeia não tem inimigos externos, as ameaças à sua estabilidade e continuidade são internas, mas das consequências dramáticas de uma eventual desintegração não se escaparão aqueles que primeiro abandonarem o edifício. Porque, se ele desabar, atingirá mesmo aqueles que, morando na vizinhança, nunca lá entraram .
O império britânico dissolveu-se, das glórias da Great Albion já sobra pouco mais que a City, e a velha senhora olha agora embevecida para o outro lado do Atlântico. Apesar de sempre ter mantido um pé dentro e um pé fora da União Europeia, os ingleses, num momento em que o edifício mostra brechas profundas, irão ameaçando que saem mas não saem, a menos que o edifício desabe, e saiam todos.
Fora do euro, o Reino Unido não tem observado uma evolução que, pela positiva, o distinga da zona euro, quando considerada globalmente. E tem evoluído pior que todos os membros do norte da Europa. Não podem, portanto, os britânicos queixar-se do euro porque nem o usam nem o suportam. Aliás, há alguns meses atrás, a senhora Merkel lembrou isso mesmo ao senhor Cameron quando este pretendeu participar em reuniões do eurogrupo.
A turbulência europeia, e nomeadamente na zona euro, é o bode expiatório que os ingleses precisam para justificar os seus próprios desaires na área económica. Se saem, ficam sem bode.
1 comment:
Mas os Conservadores ficam sem o UKIP a morderem-lhes as canelas.
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