Na sua edição de Maio de 2009, o Economist dedicava um caderno da edição impressa ao tema da reconstrução do sistema bancário (Rebuilding the banks). Dois anos depois da erupção da crise subprime, menos de um ano após a falência do Lehman Brothers, era presidente dos EUA em fim de mandato George W. Bush. Obama, que tomou posse em Janeiro de 2009 confrontou-se com uma destruição do sistema financeiro norte-americano a um nível que nem os EUA nem o mundo conheciam desde a Grande Depressão iniciada em 1929. A crise alastrou e apanhou grande parte do sistema financeiro ocidental fora-de-pé. Estando ainda bem longe de uma recuperação total, a economia norte-americana mostra hoje razoáveis níveis de recuperação, nomeadamente em crescimento e emprego, enquanto o futuro da União Europeia nunca esteve tão incerto.
Os dois primeiros períodos do artigo do Economist sintetizam as conclusões do documento quanto às origens e desenvolvimentos da crise que ainda ameaça o sistema financeiro mundial . Transcrevo:
" BANKING is the industry that failed. Banks are meant to allocate capital to businesses and consumers efficiently; instead, they ladled credit to anyone who wanted it. Banks are supposed to make money by skilfully managing the risk of transforming short-term debt into long-term loans; instead, they were undone by it. They are supposed to expedite the flow of credit through economies; instead, they ended up blocking it.
The costs of this failure are massive. Frantic efforts by governments to save their financial systems and buoy their economies will do long-term damage to public finances. The IMF reckons that average government debt for the richer G20 countries will exceed 100% of GDP in 2014, up from 70% in 2000 and just 40% in 1980."
Curiosamente, a missão do FMI a Portugal afirma no primeiro período do seu relatório publicado anteontem aqui:
"Portugal’s crisis is due to a legacy of policy failures in the face of a rapidly changing environment. Economic institutions and policies proved ill-adapted to the demands and opportunities of monetary union and globalization. The rapid transition from decades of financial repression and monetary instability was proving difficult. Monetary union, instead of delivering on the promise of sustainable catch-up growth to EU living standards, facilitated the accumulation of economic and financial imbalances. The competitiveness of the tradable sector eroded. Abetted by a banking system prone to allocating too much credit to poor risks, leverage in the non-tradable sector increased markedly, notwithstanding weak productivity growth. The public sector in turn financed rapidly growing spending, particularly on social protection, through higher taxes and accumulating debts. And in the face of all this, the policy response was, at best, muted. Consequently, in the first half of 2011, Portugal’s government and banks were shut-out from financial markets."
Dois testemunhos, insuspeitos a este respeito, a mesma conclusão: a ganância incontrolada dos banqueiros forjou ou alimentou a crise que os políticos, coniventes por acção ou omissão em muitos casos, tentam agora apagar recorrendo, como sempre, aos impostos dos contribuintes. " Too big to fail is one of the biggest problems we face in this country", declarava Ben Bernake, presidente da Fed, à Time no começo de 2010.
Continua praticamente tudo na mesma. Em Portugal, depois das contas chorudas do BPN e do BPP, é bem provável que nos venham a enviar para pagamento mais do mesmo sector.
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Correl. - Chegou-se a este ponto de endividamento porque os portugueses estiveram distraídos , afirmou há dias João Salgueiro. O mesmo João Salgueiro afirmava há já algum tempo atrás que da crise, somos todos culpados e, em Setembro de 2008, era ele então presidente da Associação Portuguesa de Bancos, que os portugueses eram culpados pelo excesso de endividamento.
Quem é que tinha conhecimento da evolução dos níveis de endividamento e continuou, gananciosamente, a importar e a vender mais crédito? O Zé Povinho ou o presidente da Associação Portuguesa de Bancos e os membros da corporação?
Ou Salgueiro já perdeu a memória ou está, no mínimo, a ser mentalmente desonesto.
Continua praticamente tudo na mesma. Em Portugal, depois das contas chorudas do BPN e do BPP, é bem provável que nos venham a enviar para pagamento mais do mesmo sector.
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Correl. - Chegou-se a este ponto de endividamento porque os portugueses estiveram distraídos , afirmou há dias João Salgueiro. O mesmo João Salgueiro afirmava há já algum tempo atrás que da crise, somos todos culpados e, em Setembro de 2008, era ele então presidente da Associação Portuguesa de Bancos, que os portugueses eram culpados pelo excesso de endividamento.
Quem é que tinha conhecimento da evolução dos níveis de endividamento e continuou, gananciosamente, a importar e a vender mais crédito? O Zé Povinho ou o presidente da Associação Portuguesa de Bancos e os membros da corporação?
Ou Salgueiro já perdeu a memória ou está, no mínimo, a ser mentalmente desonesto.
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