As sondagens à opinião pública, se realizadas por entidades idóneas são, inquestionavelmente, instrumentos de avaliação com um níveis de erro provável avaliados cientificamente e que, normalmente, só aqueles para quem os resultados são desconfortáveis desvalorizam ou põem em causa.
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A sondagem realizada pela Eurosondagem para a Sic e Expresso entre 7 e 13 de Novembro, e publicada aqui na edição de sábado passado, foi objecto de muitos comentários mas não li nem ouvi nenhum sobre os resultados que, repetidamente, vêm colocando o Ministério Público e os juízes na antepenúltima e última posições. Aqueles a quem compete administrar a justiça em nome do povo são avaliados pelo povo como os mais impopulares de todos os orgãos de soberania.
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Que significado podemos atribuir a essa impopularidade e o tabu de silêncio que a Assembleia da República, o Presidente da República e o Governo, mantêm sobre ela? Por que razão os meios de comunicação social, os comentadores políticos, salvo um ou outro caso, os blogers, fazem tábua rasa de um indicador que deveria merecer a maior atenção de todos, porque nenhuma sociedade é democrática se não se sustentar num estado de direito, e nenhum estado de direito é digno desse nome se os seus agentes não o forem? O texto que acompanha a publicação dos resultados da eurosondagem é paradigmático desta abstenção generalizada de comentários: nem uma única linha dedicada a um resultado que, numa sociedade democrática, isto é, num estado de direito maduro, seria um escândalo nacional.
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Dir-se-á que não são os níveis de popularidade dos juízes e dos magistrados do Ministério Público que mobilizam a opinião pública mas os níveis de popularidade dos políticos, do Governo, do Presidente da República, dos deputados na Assembleia da República porque são estes e não aqueles quem mais influencia o rumo da nossa vida colectiva, porque a luta partidária excita o povo e a letargia judicial só lhe arranca reacções de resignação impotente.
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Porque, afinal de contas, vivemos numa sociedade democrática menor. E enquanto assim for não deixaremos de continuar a cair na escala do desenvolvimento humano.
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