Obama venceu, e nem sequer tão apertadamente como sugeriam as sondagens. O voto popular ainda não está totalmente contado, mas o incumbente ultrapassou a fasquia dos 50% contra 48% do candidato. Em número de delegados ao colégio eleitoral, Obama conta com 332 e Romney 206 (vd aqui).
Para aqueles que afirmavam que, ainda que Obama ganhasse, Romney seria também vencedor porque já recuperara durante a campanha o prestígio perdido pelos republicanos durante a administração de George W. Bush, a magreza dos resultados conseguidos pelo seu candidato (apenas recuperou Indiana e Carolina do Norte) desfaz muitas ilusões acerca do futuro do Grand Old Party. Obama, que iniciou o seu primeiro mandato no meio de uma tormenta que ameaçava desfazer o sistema financeiro mundial, consegue, com a reeleição, aquilo que até agora nenhum líder político conseguiu no mundo ocidental depois da erupção da crise.
A facção mais extremada do partido republicano, o Tea Party, a quem Romney subordinou a sua campanha eleitoral, sendo desde logo muito sintomática dessa subjugação a escolha de Paul Ryan para candidato a vice-presidente, entusiasma muita gente mas assusta muitos mais. Já a candidatura, apoiada pelo Tea Party, de Sarah Palin a vice de John McCain se tinha mostrado uma flagrante menos valia. A história repetiu-se, e repetir-se-á no futuro, enquanto os republicanos se entrincheiraram por detrás da sua ala mais radical. Mantêm uma larga maioria na Câmara dos Representantes e irão dificultar a presidência de Obama, seguindo uma opção de não cooperação, apesar do discurso de Romney esta madrugada. Em tempos de crise, a tarefa de Oabama nunca seria fácil; a oposição obstinada republicana torná-la-á ainda mais difícil.
Será a vitória de Obama também um vitória da Europa na medida em que o seu posicionamento político se identifica mais com o da generalidade dos europeus do que de Romney, e, sobretudo, dos republicanos de hoje? A grande maioria dos europeus pensa que sim, a avaliar pelas sondagens à opinião pública realizada recentemente. Mas não nos iludamos. Se os europeus não encontram um rumo que evite a continuação da caminhada para um desentendimento geral, se a desorientação persiste e se agrava, não serão os norte-americanos que lhes poderão valer.
Os norte-americanos têm interferido no Velho Continente quando os locais se matam generalizadamente uns aos outros. Espera-se que não desembarquem novamente nas costas deste lado Atlântico por razões idênticas às de um passado trágico.
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