A estas horas, (vd aqui) o primeiro-ministro e o líder do PS encontram-se reunidos para falarem da revisão do perímetro e das funções do Estado. É por demais óbvio que esta reunião deveria ter precedido qualquer anúncio do primeiro-ministro de uma proposta que, por múltiplas e elementares razões, carece, como condição necessária, ainda que insuficiente, para ser bem sucedida, do apoio do partido do governo anterior, que negociou o contrato de assistência e subscreveu o memorando de compromissos com a troica. Tendo preferido anunciar uma ideia vaga com uma designação obtusa, e atacar a oposição na AR e só depois convidar o sr. J A Seguro para uma reunião sobre o assunto, o sr. P Coelho repetiu, mais uma vez, a táctica de auto suficiência que acabou por derrubar o seu antecessor. Provavelmente, o sr. A J Seguro saberá tanto como o sr P Coelho, ou ainda menos, que em qualquer caso será muito pouco, como poderá o país sair do beco onde políticos e banqueiros o meteram.
É uma evidência, que todos lamentamos mas à qual não escaparemos tão cedo, que Portugal se encontra sob tutela dos seus credores, e o sr. P Coelho que se bateu pelo encargo de governar nestas circunstâncias críticas, se não sabia já deveria ter percebido que o governo de um país tutelado é, irremediavelmente, um governo tutelado. E que assim sendo, nem ele ganha e o país perde se, em lugar de obter o máximo consenso político interno para uma representação interna e externa o mais ampla possível, optar por, quixotescamente, pretender, "custe o que custar", impor um conjunto de medidas que, por serem necessariamente impopulares, não merecerem antecipadamente o acordo do maior partido da oposição, por maior que seja a desconsideração pessoal que ele dedicar ao sr A J Seguro.
Soube-se, há dias, em primeira mão, através de um comentário televisivo vendido (sim, vendido, porque o senhores comentadores televisivos não comentarão de borla) por um ex-ministro, ex-líder do PSD, actualmente, membro do Conselho de Estado, que o Governo tinha pedido ao FMI ajuda na identificação das oportunidades de redução da despesa pública portuguesa e que, já na data da notícia, havia especialistas na matéria a trabalhar em Portugal. O Governo confirmou a notícia pouco depois.
A ajuda técnica pedida e em curso, faz todo o sentido, até porque, das duas uma: ou há reduções possíveis e admissíveis de despesa que permitirão aliviar a carga fiscal que impende sob os contribuintes e que não dá sinais de abrandar, ou não há, e a política de aperto da troica a partir desse reconhecimento não pode deixar de considerar a inutilidade, para todos, de um esforço que acabará por quebrar a porca, o parafuso e a chave de fendas.
Por outro lado, a admissibilidade de uma política de reduções proposta pelo FMI não pode deixar de ser também julgada por um dos três subscritores do memorando de entendimento e, logo, justamente, aquele que é mais responsável pelas suas causas e pela sua negociação. A menos que o sr. P Coelho, depois de mandar lixar as eleições, esteja firmemente disposto a lixar ainda mais o País.
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Correl.- Seguro recusa debater corte de 4 mil milhões de euros
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