Friday, November 30, 2012

CAPITALIZAÇÃO COMUNISTA

Ouço esta manhã, na Antena 1:
 
"O partido tem que crescer, e vai crescer. Precisamos de aumentar um pouco o descontentamento popular, só um pouco, e a votação no nosso partido sairá reforçada nas próximas eleições. Não queremos chegar ao socialismo, queremos apenas uma democracia avançada" 
 
Era a resposta de um militante do PCP a uma pergunta de uma jornalista que interrogava (não percebi onde) militantes ou simpatizantes comunistas, a propósito do Congresso do seu partido que decorre entre hoje e domingo em Almada.  
 
A resposta daquele militante comunista apenas surpreende pela franqueza, uma franqueza ingénua, embora inconsequente por se tratar, certamente, de um militante de base. Nenhum militante mais avisado alguma vez cairia na esparrela de explicitar publicamente aquilo que é uma regra básica de sempre da estratégia política do PCP: a capitalização do descontentamento. Em Portugal e em qualquer parte do mundo, onde as situações sociais são favoráveis à germinação do descontentamento, da revolta, da revolução até, os comunistas ganham aderentes, e tomam o poder se a maré do descontentamento ganhar vagas demolidoras. Aconteceu no passado, nada garante que não venha a ocorrer no futuro: em situações de crises extremas incontroláveis, a democracia sossobra e os extremistas, ditos de esquerda ou de direita, cavalgam as ondas de protesto. Sem terem a mínima ideia do destino para onde arrastam as multidões que para eles se voltam.
 
Em entrevista concedida ao Expresso/Economia do passado fim-de-semana, o secretário-geral do PCP afirmava: " ... hoje não há um modelo de socialismo. Isso depende da relação de forças, da cultura, do grau de participação e intervenção da luta de massas, mas não temos um modelo. Do ponto de vista do PCP, o socialismo que pretendemos construir para a nossa pátria e para o nosso país não pode ser comparado com nenhum outro..."     Pudera!
 
A utopia é uma delícia enquanto não chega a realidade. Enquanto esta não chega, o descontentamento arrima-se aos amanhãs que cantam.
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Correl.- O PCP é um partido mais forte graças à crise?

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