Thursday, July 28, 2011

TÍLIA

Uma das consequências positivas da mudança de governo foi a redução da crispação política que a personalidade do anterior primeiro-ministro provocava sempre que acontecia confrontar-se com  oposição, parlamentar ou qualquer outra.

Pode considerar-se a cena indecente de anteontem na Sic Notícias entre o não senhor Alfredo Barroso e a não senhora Teresa Caeiro um incidente avulso, protagonizado por dois actores menores, sem raízes no actual estado de confronto político e social moderado pelo bom senso que os interesses do país requerem?
Assim seja.

Ligo esta tarde a Antena 1 durante alguns minutos, e ouço um deputado do CDS a defender as propostas do Governo que reduzem as indemnizações por despedimento para novos contratos. Após juntar os argumentos passou ao ataque ao PS, num registo engrossado, desafiando-o a honrar os compromissos assumidos no acordo tripartido com a troica e a não se refugiar atrás de detalhes meramente dilatórios. E rematou: o desemprego jovem já atingiu os 27% e esta calamidade é da exclusiva responsabilidade do PS!

Não é. Qualquer cidadão minimamente informado e mentalmente honesto sabe que não é. O PS terá gordas culpas no cartório mas a situação actual não é da sua exclusiva responsabilidade. O País elegeu há bem pouco tempo um novo arco parlamentar e dele resultou um governo de maioria. Não é previsível, salvo um acidente político demasiado extraordinário, que este Governo não cumpra o acordo com a troica e dure o tempo da legislatura. Que interesse têm os partidos do governo em revolver o passado recente, sobejamente conhecido, se não há eleições à vista? Se as eleições de algum modo justificam a redução de civismo e respeito mútuo...

Por outro lado, que interesse tem o PS em invocar razões mínimas para escapar aos compromissos a que se obrigou se o calendário eleitoral lhe impõe a condição de oposição por uma legislatura? 

Defendi, desde há muito tempo, que a situação extremamente crítica do país requeria um governo que incluisse todos os partidos do chamado arco governamental, aliás todos eles subscritores do acordo com a troica. Os vencedores das eleições de Junho não entenderam assim e quiseram, só eles, pegar no imbróglio.

Esperemos que a autosuficiência de uns e as ânsias de poder dos outros não venham a comprometer irremediavelmente o cumprimento dos compromissos e a nossa continuidade na zona euro e na UE.

1 comment:

aix said...

O comentário 'são todos iguais', muito ouvido nas zonas colectivas onde se move o chamado povinho,é geralmente considerado acrítico,
banal,desprezível.Nunca,como agora,me convenceu tanto da sua veracidade.Nunca, como agora,foi tão certeiro o manguito do Rafael Bordalo,dirigido aos políticos e não aos que querem fiado.
Quanto ao 'triste'episódio entre a D.Teresa e o impulsivo Sr. Alfredo só veio confirmar a minha opinião: ele um mal criado, ela uma parvinha
(como quando propôs pagamento dos direitos de A.ao Barroso por ter lido um texto do jornalista).E olha que, Rui, não são tão
'menores'na política como dizes.É o que temos!!!
(Vou de férias....abç)