Tenho vindo a referir aqui no Aliás, e em comentários em outros blogs, nomeadamente no Lóbi e no Quarta República a minha suposição de que o que está verdadeiramente em causa na rebelião dos professores não é, nunca foi, aliás, o processo de avaliação de desempenho mas o estatuto da carreira docente e, muito sobretudo, o problema das quotas.
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As declarações de Iídio Trindade, do "Movimento mobilização e unidade dos professores" ao Diário de Notícias de hoje, confirmam o que tenho repetidamente dito. Diz I Trindade: "Enquanto houver este estatuto da carreira, não haverá serenidade nas escolas,... Os principais problemas continuam a ser os que resultam do Estatuto da Carreira Docente, ou seja, a divisão dos docentes e a avaliação pelos pares e as quotas. Foi aqui que o problema começou. É isto que é mais injusto e incongruente."
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Habituados durante décadas a trabalhar numa estrutura plana, a maioria dos professores rejeita qualquer alteração à ausência de controlo e diferenciação. É um caso típico de aversão à mudança que, por envolver cento vinte mil professores, seria melhor ultrapassado se fosse repartido: uma comissão bipartida, envolvendo representantes, sorteados anualmente, das escolas e de inspectores do ministério, avaliaria as escolas, atribuindo-lhes recompensas consoante o cumprimento dos objectivos; as escolas classificariam os seus docentes (por avaliação dos pares ou pelo conselho directivo) para uma distribuição normal das recompensas atribuidas a cada escola.
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Como referi aqui no Aliás, há muito tempo, é virtualmente impossível realizar uma avaliação de desempenho envolvendo um universo de cento e vinte mil profissionais de forma centralizada quando não existe uma hierarquia efectiva nas escolas e, pelo contrário, existe uma ausência de controlo de décadas.
1 comment:
Pode crer!
É muito melhor andar em roda livre, sem freio, do que andar controlado.E o controlo através da avaliação pode detectar falhas de rendimento, de desempenho e deixar a mediocridade à vista.
Há muita gente que foi ali parar porque não arranjava ou não tinha capacidade para mais nada.
Não apoio de maneira nenhuma esta política educativa, mas defendo a separação do trigo e do joio.
Não gostam, mas tem de ser.
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