Thursday, October 09, 2008

UMA NOVA LOJA MUNDIAL


A história
não teria nada de novo se contada da forma como a conta: o marçano, a quem o patrão delega o governo da loja, acabará, mais tarde ou mais cedo, por comprar o estabelecimento.
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Acontece, no entanto, salvo melhor informação, que o dinheiro que o marçano entregava ao patrão foi por este utilizado na produção de fogo-de-artifício em tal quantidade que acabou por lhe rebentar nas mãos.
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Que a acumulação de petrodólares e chíndiadólares em volumes piramidais acabaria por comprar os estabelecimentos à mercê dos marçanos, não é surpresa e já tinha acontecido várias vezes no passado. O que é novo (ou mais flagrantemente novo) nesta crise é a derrocada decorrer de uma implosão. As transferências dos estabelecimentos poderiam ocorrer sem desmoronamento dos edifícios. Foram as acções dos ratos que lhes fragilizaram as paredes até ao desmaio. Sem que os vigilantes dessem pela acção dos roedores ou, até, fizessem por isso.
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Mudará esta crise o mundo? Oxalá.
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Mas para mudar teria de mudar-se muita coisa, os offshores, e o controlo das aplicações de fundos pensões pelos subscritores, por exemplo. Mudará tanto? Duvido. Quanto aos fundos soberanos, o caso é mais bicudo porque implicaria a blindagem à entrada desses fundos (quando os cofres estão vazios e ávidos deles) ou o retrocesso no processo de globalização. É possível? É, mas teria custos tremendos para a paz global. O rearmamento militar seria a resposta ao rearmamento das fronteiras alfandegárias. A guerra seguiria dentro de momentos.
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Não há escapadela: Ou a democracia funciona e o capitalismo funciona vigiado, ou a democracia soçobra ainda mais e não se sai do atoleiro tão cedo e sem mazelas graves.
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A ascenção do Oriente não implica a queda do Ocidente se, e só se, este não se deixar dormir abanado por aquele, enquanto os ratos fazem o trabalho que a sua natureza lhes destinou.

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