Quando, ontem, escrevi aqui acerca da criação dos fundos imobiliários para respaldarem os compradores de casas para habitação própria em dificuldades, e os respectivos bancos que concederam os empréstimos, pelas mesmas razões, supus que o projecto seria a criação de uma Fani Mae à portuguesa. Parece que não: as notícias de hoje apontam para a gestão dos fundos nos próprios bancos. O preço de mercado (o que é isso?) que será utilizado na aquisição das casas pelos fundos terá como consequência imediata a actualização dos valores dos activos. Neste aspecto, portanto, há coincidência parcial com o que me parece mais conveniente: a gestão será feita pelos bancos, mas confirma-se o alto risco do jogo do valor de mercado.
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Continuo a pensar que está em formação um enorme buraco negro que, mais tarde ou mais cedo, será pago pelos contribuintes portugueses. Quem vai financiar estes fundos, numa época em que quem tem algumas poupanças, foge de fundos de investimento como o diabo da cruz?
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A Segurança Social? Pergunto isto, porque leio no Público de hoje que a Segurança Social confiou ao BPN aplicações no montante de cerca de 500 milhões de euros. O BPN, que, antes do eclodir da crise financeira mundial, remunerava os depósitos a prazo a taxas que espantavam a praça, foi, como era do conhecimento público, alvo nos últimos cinco anos de várias averiguações do Banco de Portugal. Pelos vistos, nada que fizesse pensar duas vezes os responsáveis pelas aplicações dos dinheiros da segurança social.
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A criação destes fundos nos moldes que se vislumbram e nos tempos que correm pode ser uma tentação para quem até confia no BPN. Oxalá me engane.
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