Em tempos de crise e no dia em que, sintomaticamente, é lançado o seu novo livro, "Como evitar um golpe de estado", Loureiro dos Santos entendeu, mais uma vez, ser porta voz do descontentamento dos militares perante aquilo que consideram um tratamento desigual relativamente a outras funções públicas relativamente às quais se consideraram sempre equiparados.
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A mensagem seria adequada se não tivesse extravasado para a ameaça velada de que poderiam, em retaliação do tratamento que consideram injusto, os jovens oficiais optarem por caminhos de insubordinação ou mesmo golpistas: alguns disparates, na terminologia de Loureiro dos Santos, que se deve ter apercebido a meio do discurso da gravidade das suas declarações.
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A defesa é provavelmente um dos tabus mais cerrados da política nacional. Com um passado, ainda relativamente recente, muito impregnado da influência militar, não foi até hoje convenientemente discutido pelas forças políticas o papel a que se deveriam remeter os militares num país pequeno, membro da União Europeia e da NATO, não sujeito a ameaças externas que possam justificar o peso global que ainda detêm no contexto da função pública.
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Enquanto não for esclarecido que esse papel não pode ter o recorte que sobejou da tradição mas deve ser reequacionado tendo em conta o novo contexto político em que Portugal se insere, os militares continuarão a sobrevalorizar a sua importância e a reclamar equiparações que, se tiveram pertinência no passado, deixaram de fazer sentido nos tempos que correm.
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As oposições, como de costume, não dizem nada.
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