Monday, October 13, 2008

FATALMENTE POBRES?

Acho inquietante este seu post.
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Não pela resignação que sustenta a sua proposta mas por vir de quem vem, de um jovem professor de economia. O fatalismo, já se sabe, é uma canga que nos colocámos há muito tempo, e que nos pôs a cantar o fado.
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Antes de prosseguir, devo esclarecer que concordo com a proposta de maior redistribuição que faz. Não me parece muito feliz a designação (redistribuição da pobreza) ainda que lhe perceba a intenção. Afinal de contas, em sociedades altamente desiguais, os grandessíssimos ricos não deixarão de o ser porque arranjarão sempre modo de mais que compensar os impostos que lhe imponham ou pura e simplesmente fugir a eles.
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Concordo com a proposta, portanto, mas não concordo com os pressupostos que nos condenam fatalmente a um estado de letargia sem saída. Não há nada a fazer? Há muito a fazer!
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No post anterior, LA-C aborda o tema da corrupção, que é um dos factores mais corrosivos da produtividade e, consequentemente, do crescimento económico. Foi pena que os comentários, em geral, tenham descambado para a discussão dos fulanos e fugido à discussão das ideias. É sempre assim: a fulanização é a fórmula mais eficaz para a subalternização dos assuntos.
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Eu não compreendo como é que alguém possa duvidar dos efeitos negativos da corrupção sobre a produtividade e a competitividade. A cunha, outra instituição muito apreciada pela sociedade portuguesa, é outro factor de erosão do potencial da economia.
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A quanto montam os efeitos deprimentes destes dois vícios sociais sobre o crescimento económico em Portugal? Alguém sabe?
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Há uns anos um consultor internacional de primeira grandeza avançou com valores que pareciam mirabolantes. Os consultores são muitas vezes considerados suspeitos de concluírem consoante os desejos de quem lhes encomendou o trabalho. Não sei se foi o caso. Sei que as conclusões não deixaram ninguém de boca aberta mas também não fizeram mexer palha que se visse.
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De então para cá, Portugal não tem deixado de escorregar no ranking dos corruptos. Se os consultores não são fiáveis, que trabalhos sobre o assunto foram realizados nas academias? Alguém os considerou?
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De modo que, caro Fernando Alexandre, sem colocar em causa a excelência ao seu post , atrevo-me a sugerir às jovens competências deste país em que nascemos que mande a canga às urtigas e faça o que está por fazer.
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Sem prejuízo da redistribuição da riqueza.

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