M Ferreira Leite pode não ganhar as directas do próximo Sábado mas a sua declaração de oposição à redução do imposto sobre combustíveis, ainda que em consonância com a posição do governo, poderá, se ela vencer as directas, mostrar-se como o trunfo mais bem jogado nesta fase da luta política que promete acirrar-se a partir de agora com a acentuação dos sinais de crise.
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A posição da social democrata M Ferreira Leite quanto à não redução do imposto sobre combustíveis é, paradoxalmente, mais liberal do que a defendida pelo liberal P Passos Coelho porque remete para o mercado o ajustamento económico às subidas dos preços dos combustíveis.
A posição da social democrata M Ferreira Leite quanto à não redução do imposto sobre combustíveis é, paradoxalmente, mais liberal do que a defendida pelo liberal P Passos Coelho porque remete para o mercado o ajustamento económico às subidas dos preços dos combustíveis.
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Sempre que as leis do mercado são ultrapassadas por políticas de subsidiação ou discriminação, positiva ou negativa, os efeitos perversos não deixarão de comparecer mais tarde ou mais cedo. É, portanto, uma posição que confia que o mercado incentivará os portugueses à procura de soluções alternativas e à forte redução de consumos improdutivos, de desperdícios de energia.
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Mas é também uma posição que encosta o primeiro-ministro a uma situação incómoda, da qual dificilmente poderá sair sem rombos significativos: O aumento dos preços dos combustíveis não tem fim à vista, as manifestações contra a posição irredutível do governo (se a mantiver) convocarão quase todos os portugueses que se recusarão a entender a bondade das intenções do executivo. Tendo-se aprisionado num compromisso difícil, o governo vê agora esse compromisso amarrado pela declaração de M Ferreira Leite, que não será chamada a responder pela política governamental que, neste caso, agora apoia.
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Se o primeiro-ministro resiste, e até quando resiste?, à pressão que a continuada subida dos preços irá impor, as suas perspectivas de renovar a maioria em 2009 esboroar-se-ão à medida que o tempo de tensão durar; se concede, poderá renovar em 2009 mas fica devedor da factura dos efeitos perversos que essa concessão a seu tempo apresentar. M Ferreira Leite terá, então, um bom trunfo para na oposição enfrentar o governo. Um trunfo que, contudo, poderá ser insuficiente para ganhar o jogo.
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O primeiro-ministro, José Sócrates, garantiu hoje que o Governo não cederá "à tentação de facilitismo" que levou ao congelamento do preço dos combustíveis no passado."Esse não é o caminho correcto", frisou José Sócrates, no final do Encontro Compromisso com a Inovação, que decorreu hoje em Lisboa. "Este não é o momento para ceder nem à demagogia nem à facilidade. Um Governo responsável não o pode fazer, deve sim ajudar quem mais precisa e foi o que fizemos", sublinhou o primeiro-ministro. Remetendo para as medidas anunciadas quarta-feira na Assembleia da República [aumento em 25 por cento do abono de família nos primeiro e segundo escalões e o congelamento dos passes sociais], Sócrates frisou, numa pequena declaração aos jornalistas, que o Governo está a tomar as "medidas correctas" face à escalada do preço dos combustíveis. "O efeito do congelamento dos preços dos combustíveis foi muito negativo quer nas contas públicas quer nos sinais erróneos que se deram aos agentes económicos", concluiu.
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Manuela Ferreira Leite opõe-se à descida dos impostos sobre os combustíveis
A candidata à liderança do PSD Manuela Ferreira Leite está contra a descida dos impostos sobre os combustíveis e considera que é imprescindível pensar em formas de racionalizar a utilização de energias, ao invés de esperar que um novo contexto governativo permita baixar os preços.“A redução do imposto sobre as petrolíferas é algo que parece muito fácil, mas para que o Estado o consiga tem duas hipóteses – ou vai criar outro imposto ou vai reduzir uma despesa, que não se está a ver qual é”, referiu, quando questionada por um militante do PSD sobre os sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis, durante um encontro com militantes de Cascais, Sintra e Mafra, que decorreu durante cerca de duas horas em Carcavelos. Segundo a ex-ministra, é imprescindível pensar em formas de racionalizar a utilização de energias, ao invés de esperar que um novo contexto governativo permita baixar os preços. A candidata à liderança do principal partido da oposição destacou ainda necessidade de agir sobre o fenómeno de surgimento dos “novos pobres”, associado ao desemprego nas faixas etárias dos 40 e 50 anos. Para Manuela Ferreira Leite, a solução não está numa política de subsídios, mas na intervenção sobre as pequenas e médias empresas e no reforço do modelo de apoio e integração preconizado pelas instituições de solidariedade social. (...)
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