Quando M Ferreira Leite diz que "neste momento, ninguém é capaz de prever qual (será) o cenário macroeconómico de 2009" e, (consequentemente), "honestamente ninguém pode responder à pergunta "O que fazer para a economia crescer?" , não é crível que ela tenha querido dizer o que disse ou o jornalista deturpou o registo. Como não consta que tenha havido rectificação da resposta dada, teremos, honestamente, de concluir que a candidata terá querido dizer outra coisa qualquer.
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2009 está à porta. Daqui até ao fim do ano faltam 7 meses, não faltam 7 anos. Qualquer medida de intervenção governativa com incidência no crescimento económico não se prepara da noite para o dia mesmo em tempos de turbulência global. Depois, a pergunta não pedia aos candidatos à liderança do PSD que reportassem a resposta ao próximo ano. Nem tal faria sentido. Por duas razões, pelo menos: i) Se há medidas que podem promover o crescimento da economia porque razão esperamos por amanhã quando as podemos analisar, criticar, implementar, hoje? ii) A conjuntura económica que, muito provavelmente, caracterizará 2009 não será estruturalmente diferente da prevalecente no momento actual: a crise financeira não estará ainda completamente debelada, manter-se-ão tensos os mercados das matérias-primas em geral e dos produtos petrolíferos em particular, o dólar manter-se-á debilitado relativamente ao euro, as taxas de juro manter-se-ão em sentido ascendente na Europa. Mas ainda que as tendências actuais venham a inverter-se a curto prazo, M Ferreira Leite poderia, se quisesse, responder ressalvando as alterações que, não sendo hoje previsíveis, venham a ocorrer por razões que ela não pode dominar.
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Podia, mas não quis. Preferiu fugir à questão dando uma resposta que só não a desacredita perante quem geralmente adopta a mesma saída: os políticos, e muito especialmente os políticos portugueses.
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Quando confrontados com perguntas que pedem propostas alternativas às políticas que eles criticam, os políticos na oposição ou se refugiam em respostas redondas, ou passam ao lado, ou, mais frequentemente, argumentam que não cabe à oposição avançar propostas.
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Como no pocker: Quem quer ver paga.
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