(...) com o passar do tempo, voltou a ser público e notório que (Sócrates) fumava. Incluindo nos voos fretados para deslocações oficiais, onde o seu gesto de puxar do cigarro (normalmente na parte de trás da aeronave, quando se juntava aos jornalistas para uma conversa informal) desencadeava um suspiro de alívio entre todos os fumadores, que de pronto lhe seguiam o gesto. (...) - Expresso/Economia 2008/05/17.
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A alguns falta a vergonha, ou nunca a tiveram, a outros além de vergonha* falta toda a dignidade. Um jornalista que às escondidas tenta surpreender o primeiro-ministro atrás das cortinas, sabendo antecipadamente que essa prática era corrente em voos de estado e os próprios jornalistas faziam parte da esquadra fumadora, é um biltre. Palavra que ele talvez desconhece, não por falta mas por banalização do objecto.
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* A catadupa de opiniões, e pareceres jurídicos de constitucionalistas até, acerca da legalidade ou ilegalidade do fumo em voos fretados para viagens de estado, voltou-se para a questão jurídica do assunto. O que é sintomático da forma como os portugueses na generalidade vêm os seus comportamentos na sociedade: O que se discute, no caso do fumo a bordo, não é a obrigação moral de cada um (que não tem que ser vinculada por uma lei) respeitar os direitos (à saúde, neste caso) dos outros mas o direito ou o impedimento legal de o fazer.
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