M Ferreira Leite está contra a redução do imposto sobre os combustíveis reclamado por P Passos Coelho que, no entender de Manuela, não sabe do que está a falar. M Ferreira Leite coloca-se, deste modo, ao lado da posição do governo nesta matéria fracturando pelas tendências social-democratas e liberais os militantes e simpatizantes do PSD. Curiosamente, M Rebelo de Sousa referia ontem à noite no seu programa da antena 1 da RTP que a disputa entre M Ferreira Leite e P Passos Coelho, que no entender do professor-comentador ditará o resultado das directas, é também um confronto entre a velha guarda do partido (onde predomina a defesa da social-democracia a caminho do liberalismo), que apoia Manuela, e os militantes mais jovens (e assumidamente liberais), que votarão maioritariamente em Passos Coelho. A evolução do PSD no sentido do campo liberal será mais assumida a partir destas eleições, mesmo que seja eleita M Ferreira Leite para a liderança do partido, se Manuela não conseguir, e dificilmente conseguirá, uma vitória destacada sobre P Passos Coelho. Quando M Rebelo de Sousa diz que a superação dessa fractura tem de ser realizada por M Ferreira Leite, caso ganhe as eleições, quer certamente dizer que M Ferreira Leite não pode deixar de se aproximar das teses liberais se quiser reunir o partido.
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Essa reunião, contudo, defronta-se com posições dificilmente compatíveis. Ao PSD, nominalmente, social-democrata chegou a hora de se definir. Inevitavelmente, são sempre os mais jovens que definem o futuro. M Ferreira Leite, apesar da sua competência, não é suportada pelo futuro do seu partido. Empurrada para uma missão difícil, dificilmente se manterá no cargo depois das legislativas de 2009. A sua estratégia de contornar Sócrates pelo lado social ("o problema de Portugal não é financeiro mas social") confronta-se com o desafio dos seus companheiros de partido mais jovens. Só uma derrocada do governo em consequência de uma crise económica e social gravíssima poderia dar a M Ferreira Leite a oportunidade de governar Portugal a partir de 2009.
Teria ela fôlego e apoios bastantes para enfrentar uma situação dessas? Pelos vistos, não. As suas opções sociais-democratas não se distinguiriam das adoptadas pelo governo actual que teria sido, supostamente derrotado.
Competência e coerência nem sempre garantem sucesso governativo, sobretudo em tempos de turbulência. E por, honestamente, dizerem o que pensam, perdem frequentemente os políticos as eleições.
3 comments:
Sobre esta candidata o que de mais objectivo li foi no blog
«Corporações» numa entrada do insuspeito Paulo Gorjão:"A questão das «contas públicas, não é o problema mais urgente», mas sim a «emergência das questões sociais» como «o desemprego e os novos pobres», referiu Manuela Ferreira Leite no debate na TVI. Aliás, Ferreira Leite tem repetido este ponto quase diariamente nas suas acções de campanha.
Esta súbita preocupação com as questões sociais - em particular com o desemprego e os novos pobres - é uma verdadeira surpresa. Uma preocupação que surgiu nos últimos 15 dias, por motivos óbvios de campanha. Ferreira Leite participa no programa «Falar Claro» da Rádio Renascença desde Maio de 2005 e tem uma coluna quinzenal no suplemento de economia do Expresso desde Abril de 2005. Terá sido, porventura, nesses espaços que insistiu no tema sem que se tenha prestado a devida atenção?" - e demonstra que não, o que é evidente. A mim nunca me convenceu, nem no discurso nem na acção[Educação e Finanças].«Aliás» um bom contabilista dificilmente dará um bom 1ºMinistro(e a prova já foi feita!).
Cara Aix,
Não tenho a mesma opinião acerca de M Ferreira Leite mas não acredito que ela tenha possibilidade de sobreviver politicamente a uma mais que provável derrota nas legislativas...se não for derrotada nestas directas.
Mas concordo com ela quando rejeita a redução do imposto sobre os combustíveis.
Sobre este assunto há um artigo no Público de hoje de Sarsfield Cabral que merece uma leitura.
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