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Porque é que os portugueses trabalham mais horas do que os outros europeus mas têm salários mais baixos?
O que importa realmente reter sobre a produtividade da economia
portuguesa?
A resposta à pergunta é dada no "Factos que Contam", um programa da SIC Notícias em colaboração com a Fundação Manuel dos Santos.
O título desta nota é, tenho de reconhecer, talvez intencionalmente provocador mas não é mais do que a transcrição tão fiel quanto possível, do que ouvi anteontem Odemira.
A medição da produtividade é, à vista desarmada, conceptualmente muito simples.
Se observada com microscópio apropriado à natureza do objecto a observar é complicadíssimo.
Dediquei a este assunto várias notas neste caderno de apontamentos desde os seus começos há dezanove anos.
A observação microscópica levanta muitos paradoxos.
Um exemplo: Uma grande fatia, pelo menos metade, da riqueza produzida e retida em Portugal é atribuida à função pública? Como se mede essa mais ou menos metade?
É indiscutível que o problema maior da economia portuguesa é a falta de
produtividade que, neste caso, significa insuficiência de investimento
produtor de qualidade elevada.
Vi o programa "Factos que contam" mas também ouvi Mário Centeno
afirmar, além do mais, que há “números enganadores” quanto à capacidade
de Portugal reter jovens qualificados e ( ) que o país consegue ser um
receptor líquido de licenciados".
Ontem, passei por Odemira,
onde "há mais nepaleses que portugueses" disse-nos um grupo de
reformados sentados à beira do Mira. Numa livraria, quem nos atendeu
afirmou o mesmo o que nos disseram os velhos. Porquê?
Ora
porquê? Porque agora em Portugal só se formam doutores e engenheiros.
Se queremos um canalizador, um pedreiro, um pintor, não há. E porque há
nepaleses a viver, 25 ou mais em cada casa, porque ganham pouco.E se
quero abrir um negócio tenho que esperar e desesperar, a eles dão-lhe a
licença de um dia para o outro.
Mas por que é que não se veem portugueses a trabalhar onde trabalham nepaleses?
Ou em muitos outros lugares do país onde trabalham imigrantes não nepaleses?
Na região de Lisboa há imigrantes que possuem qualificações para os lugares que ocupam que muitos portugueses não têm.
Segundo os sucessivos relatórios anuais do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (acesso gratuito online), Portugal continua a descer no ranking porque pasmou na evolução do indicador da educação.
Aquela gente de Odemira, que fala assim, exagera, não tenho dúvidas, exagera.
Mas que o problema existe, existe.
E Centeno, entre muitos outros que devem saber do que falam, não parece reparar nele.
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