Friday, October 30, 2020

A COVID 19 VOTA EM TRUMP?

A pandemia favorece a reeleição de Trump?

A questão colocada três dias antes de terça-feira, 3 de Novembro, o último dia de votação para a presidência dos EUA poderá parecer absurda. As sondagens continuam a considerar como muito provável a vitória de Biden, - Right now, our model thinks Joe Biden is very likely to beat Donald Trump in the electoral college-; hoje, segundo o modelo, actualizado diariamente, do Economist, obteria 350 votos no colégio-eleitoral, Trump os restantes 188 da totalidade de 538. Trump anunciou estar infectado no dia 2 de Outubro, e, dois dias antes, a 30 de Setembro, segundo o mesmo modelo, Biden teria 337 votos e Trump 201. Uma análise simplista levaria à conclusão que a covid 19 não favoreceu Trump.

Acontece que com Trump, um demagogo ao nível dos mais primários populistas ditadores do terceiro mundo, que mente repetidamente, afirma e diz o contrário com a maior naturalidade característica dos sem vergonha, ofende, desprestigia e ridiculariza a maioria dos norte-americanos que não votam nele - Trump até pode obter a maioria de votos no colégio eleitoral mas é muito improvável que obtenha a maioria dos votos do povo norte-americano, uma situação que, a repetir-se, ocorreria pela terceira vez nas últimas cinco eleições - com Trump nada é linear e previsível, salvo a sua enorme necessidade de sobrevivência no poder; por essa sobrevivência, que lhe permitirá a continuar a usar o lugar que ocupa para defender os seus interesses particulares, Trump é capaz de tudo.

Até de chamar milícias armadas, a quem não se coibiu de dizer perante as câmaras de televisão, durante o primeiro debate com Biden, que se mantenham alerta para o defenderem. Conta com a brutalidade desses grupos supremacistas brancos se o presidente dos correios, que o financiou e ele nomeou para o cargo, não impedir suficientemente  a contagem dos votos não presenciais, geralmente remetidos por eleitores residentes em zonas urbanas, que na sua maioria votarão Biden, mais sujeitos ao contágio pandémico do que os que vivem na América rural onde a densidade populacional é muito menor e a influência dos radicais evangélicos determinante junto dessas comunidades mais isoladas e conservadoras, que se manterão fiéis a Trump mas não o declaram às sondagens; Em última instância, conta com o Supremo Tribunal Federal de Justiça onde dispõe de uma confortável maioria republicana, que ele nomeou, e não hesitará  empossá-lo por obediência ao chefe, mandando a justiça às urtigas.

Por outro lado, Biden assenta a sua estratégia de contenção da pandemia nos conhecimentos que a ciência já adquiriu acerca do covid 19 e já vitimou, até ontem, mais de 235 mil norte-americanos; Trump acusa-o de, com essa estratégia, matar a economia norte-americana; Trump, pelo contrário, que já foi infectado e se considera, ele, a mulher e o filho mais novo, vacinado, mantém o propósito de ridicularizar os meios de minimização dos efeitos da pandemia, a começar pelo uso de máscaras e tudo o que empecilhe a liberdade de viver como se nada estivesse a acontecer. E, na América rural, o slogan vende. Venderá o suficiente para iludir as sondagens e reeleger um presidente perigoso para os EUA e para o mundo? É improvável mas é possível.

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