Friday, June 08, 2018

JÁ FOI À CRESMINA?


Se não foi, então vá.
E não se arrependerá, se gosta de dar um pequeno passeio, cerca de 1,6 quilómetros (metade) ou 3 quilómetros na totalidade, a subir e, naturalmente, a descer, entre dunas, coloridas sobretudo nesta época do ano, o mar do Guincho ao fundo, a Serra de Sintra ao lado. Mais informações aqui.



Em 21 de Janeiro e 2 de Abril de 2017 escrevi (vd. aqui) mensagens via-email aos responsáveis pela reserva natural em que se inserem as dunas da Cresmina. Respondeu-me no dia 3 de Abril o Director da Gestão da Estrutura Ecológica.

Transcrevo, de uma resposta longa, as afirmações finais: 


"Assim e depois de várias tentativas e modelos, a estratégia encontrada foi a colocação de “obstáculos” ao longo do passadiço que dissuadissem os cães e pessoas a sair do mesmo. Deixar gradualmente a vegetação natural regenerar e fechar as áreas abertas onde estas saídas ocorrem. Em suma, os “ramos” secos colocados ao longo do passadiço, embora esteticamente possam ser por ora pouco interessantes, esses consistem em estruturas biofísicas com as seguintes funções:

  • Dissuadir a saída do passadiço
  • Evitar a destruição da vegetação nativa pelo pisoteio e alteração da química do solo
  • Fixação das sementes que circulam no ar ao longo do sistema
  • Estrutura de apoio ao crescimento da vegetação mais sensível

A vegetação utilizada foi essencialmente o Pinheiro de Alepo, espécie pioneira e sem interesse para a conservação da natureza, que não sendo a ideal pela sua estrutura de ramos e tipo de madeira, é a mais abundante. Foi esta intervenção de poda seletiva, centrada no corte e eliminação destas árvores com potencial de risco de incêndio, dando primazia ao Junípero espécie autóctone de crescimento mais lento que estava a sofrer pressão e em competição com o pinheiro de Alepo.  Se verificar no terreno, por debaixo destas estruturas está a crescer vegetação natural,  em breve esta irá ocupar estas faixas e os ramos secos que já cumpriram a sua função vão ser removidos ou se degradados vão incorporar no sistema.

Não voltei ao assunto até que, decorrido mais de um ano, pudesse avaliar a consistência dos argumentos da resposta. E não constato agora, que sejam pertinentes. O tempo encarregou-se de minorar o aspecto dos ramos secos secos amontoados ao longo de algumas partes do passadiço, mas as maiores mazelas provocadas por cortes escusados persistem. Por outro lado, de algumas dezenas (centena?) de espécies plantadas protegidas por tubos protectores, não tendo sido cultivadas nem regadas na época própria, poucas sobreviveram, se é que sobreviveu alguma. Como é costume neste país, investe-se e deixa-se o futuro por conta do abandono. 
Abandono que começa também a observar-se na falta de manutenção de alguns segmentos do passadiço.

Dito isto, pareço contradizer o desafio que coloco a abrir este apontamento.
Mas não. Mesmo com os reparos que fiz o ano passado, e que mantenho agora um ano depois, vale muito a pena conhecer a Cresmina. Nem que seja para admirar a paisagem a partir do terraço do "café" instalado cá em cima junto à estrada. Mesmo sem o desfrute do melhor, o passeio.

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