Sunday, March 06, 2016

UM MERCADO EM RÁPIDO CRESCIMENTO

Quanto pior, melhor, para uma organização que negoceia com crédito mal parado.
A Arrow Global contratou a srª. Maria Luís Albuquerque como directora não executiva porque eles sabem que ela teve acesso a muita informação que lhes interessa saber. Da srª. ex-ministra não pretendem que ela execute seja o que for, mas simplesmente lhes diga o que sabe.  

"Um mercado em "rápido crescimento" e em que os testes de stress do BCE revelam "verdadeira alienação" de ativos de risco, avaliados em 88 mil milhões de euros. É assim que a Arrow descreve o potencial de Portugal, primeiro mercado estrangeiro da empresa que, em 2014, comprou carteiras de crédito ao Banif. E cujo modelo de negócio passa por ganhar dinheiro com a compra de grandes pacotes de crédito malparado - que ronda os 15% em Portugal. São dívidas de cartões, crédito ao consumo, hipotecas que as famílias já não conseguem pagar e de que os bancos têm de se desfazer, mesmo assumindo perdas avultadas. A gestora compra barato, porque assume o risco, e depois negoceia agressivamente com os devedores, perdoando mais do que os bancos poderiam, e pressionando mais para reaver algum capital. - cf. aqui 


Ouvido sobre o assunto, o sr. Passos Coelho, que ontem foi reeleito, sem concorrência, com 95% de votos em eleições directas no seu partido, achou muito bem que, ( tal como o espião, de licença sem vencimento, se passa para a actividade privada, ou o procurador que, também de licença sem vencimento, sai para casa do arguido) que a criatura se faça à vida e não queira contar com a dependência do Estado. 

Acontece que, neste caso, a srª. ex-ministra passa-se para fora mas fica com um pé dentro. 
Não é caso único, pois não, sr. presidente do maior partido, mas é, não só mas também,  por estas e por outras com que o sr. presidente do maior partido convive bem, que este país é um mercado em crescimento para a Arrow Global e a srª. ex-ministra um não executivo feito à medida dos seus interesses.

1 comment:

Unknown said...

Excelente. Mas também não queremos ter governantes mais éticos. Nas eleições não os elejamos e quando os elegemos não lhes pagamos bem.