Thursday, March 17, 2016

CASCAIS

Senhor Presidente da Câmara Municipal de Cascais,

Nota-se que a Câmara Municipal de Cascais tem uma politica de divulgação junto de quem caminha pelo passeio marítimo de informação da evolução da paisagem das praias ao longo do percurso no decurso de quase um século. Da última mostra já restam poucos painéis, talvez porque tenham os outros sido vandalizados  ou estropiados pelo tempo, considerando o estado em que se encontra a meia dúzia, se tanto, de sobreviventes. Há um, contudo, que se apresenta ainda inteiro e bem parecido: o da Praia da Azarujinha.

Quando se repara com alguma atenção nas duas fotografias em diálogo, é muito nítido que à mais velha (de 1920) repugna o estado calamitoso em que se encontra actualmente o paredão de sustentação da arriba naquele local. Não sei se legal ou ilegalmente construíram ali umas instalações em betão armado que há muito tempo se encontram abandonadas, degradadas, emparedadas onde antes devem ter existido janelas. Certamente que não era intenção do compositor do painel evidenciar o vandalismo que as autoridades marítimas ou camarárias consentiram. Ali, e em muitos outras paisagens lindas deste país maltratado de modo geralmente impune. 

Estou muito certo que a Câmara de Cascais não ignora o que refiro.
É a Câmara impotente para, dentro da sua órbita de competências, ordenar o desmantelamento do avantesma que ensombra a Azarujinha? E apresentar a conta aos seus construtores? 

 

Não longe da Azarujinha, nas proximidades da Praia da Poça, vê-se no cimo da arriba um casarão que, do lado voltado para a Rua de Olivença, exibe um estado de degradação extremo.
Um cartaz desajeitado avisa que o casarão em escombros, que ocupa um terreno com mais de cem metros de frente marítima, "não está à venda".


Há vários outros prédios degradados urbanos em zonas não periféricas de Cascais, que repugnarão aos visitantes sensíveis à paisagem que os rodeia mas não, pelos vistos, aos seus munícipes, a avaliar pela apatia com que coabitam com tais ruínas repugnantes.
Esta situação não é, há que reconhecê-lo, uma característica única de Cascais. Mas, provavelmente, nenhuma das principais cidades deste país em que vivemos, tem à entrada a receber quem as visita um conjunto tão extenso de escombros abandonados, degradados e emparedados. Refiro-me, concretamente, à zona da rotunda junto ao Jumbo, Cascais Vila, Avenida de Sintra.

Não há nada a fazer?
Se a penalização fiscal em sede de IMI se mostra impotente para demover os avantesmas é porque a dose aplicada é insuficiente ou requerem-se outras medidas mais convincentes.
Se a imaginação das autoridades que elegemos não vislumbra soluções eficazes para penalizar a expectância e premiar o risco porque não se inteiram do modo como procedem por essa Europa em que nos integramos e onde as faces das suas cidades se apresentam limpas?
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Remetido para : presidencia@cm-cascais.pt

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