Saturday, June 26, 2010

IGUAIS À FORÇA

"Professores preferem ser todos iguais", Maria de Lurdes Rodrigues, hoje, no Expresso


Igual-Desigual

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as acções, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.

Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Ninguém é igual a ninguém.
Todo o ser humano é um estranho
ímpar.

Carlos Drummond de Andrade, in 'A Paixão Medida'
pescado aqui

1 comment:

Carlos Pires said...

A MJR tratou mal e desprezou de modo igual todos os professores: os 'reformistas' e os não 'refomistas', os competentes e os incompetentes, os que querem a avaliação e os que não querem. Essa foi a única 'igualdade' que existiu no processo.