Thursday, February 22, 2007

AS MUNICIPALIZAÇÕES

As nacionalizações são irreversíveis, dizia-se, diziam quase todos nos tempos das gloriosas malucas ideias nacionalizadoras. Entre nacionalizar e desnacionalizar perdeu o país quase trinta anos. Hoje, são poucos os que defendem as empresas nacionalizadas e quando o fazem é mais por questão de fé.
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Entretanto, ocorreram as municipalizações. Por esta ou por aquela razão, na maioria dos casos por interesses individuais, as câmaras municipais tornaram-se empresários, e as regiões autónomas, com particular destaque para a Madeira e o seu presidente vitalício, tornaram-se o maior empregador, o maior empresário, o maior grupo económico, o chapéu de chuva debaixo do qual se albergam tantos que garantirão sempre a maioria dos votos ao dono do chapéu.
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É sobretudo por esta miríade de empresas municipais que se garantem empregos e se negoceiam margens. É por elas que se escapam ao controlo do orçamento muitos compromissos que a contabilidade pública não regista mas que o erário público um dia terá de pagar. É por elas que se abastecem alguns sacos azuis.
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Paradoxalmente, ou talvez não, poucos aparecem a contestá-las. Ou talvez não, por que é largo o leque dos interesses que delas se dependuram, e é sempre apetecida a oportunidade de negociar com representantes dos interesses do Estado, que geralmente os defendem mal.
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Até ao dia em que o fundo roto não aguenta mais conivências. Nesse dia ralham as comadres, descobrem-se as verdades. É o que está acontecer em Lisboa.
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Enquanto não houver desmunicipalizações.

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