Ontem, esclarecia o vice-primeiro ministro, a diferença entre um segundo resgate e um plano cautelar - um segundo resgate é o que a Grécia tomou, um programa cautelar é o que vai ser tomado pela Irlanda. Hoje, o primeiro ministro negou que haja negociações em curso para um segundo resgate mas admitiu (aqui) o recurso a "um programa cautelar ou outra coisa que garanta o acesso pleno aos mercados".
Bem visto, senhor primeiro ministro. Do que precisamos mesmo não é de um segundo resgate, que implicaria mais empréstimos (mais 30 mil milhões de euros, segundo o Goldman Sachs . vd. aqui ) e a dívida, que já atingiu (vd. aqui) 131,3% do PIB, mostra-se imparável. Mas também não precisamos de um programa cautelar que nos deixaria à mercê das imposições do BCE, e o mais certo é que nos receitasse o mesmo que receitou a Chipre. Portugal ainda não é Grécia, mas vai a caminho, e não é, certamente, a Irlanda, nem para lá caminhamos.
Do que precisamos mesmo é de outra coisa, e não é difícil perceber qual é. Precisamos que a carga de juros seja sustentável pelo nosso crescimento económico. Se não há crescimento económico capaz de fazer inflectir o crescimento galopante dos juros, a dívida continuará a esmagar-nos por mais cortes, ou mesmo também por causa deles, que o governo e a maioria que o suporta nos imponha.
Como é que isso se consegue? Pergunte à Dona Merkel. Só ela, ninguém mais, lhe poderá responder.
É aí que terá de investir toda a sua capacidade de persuasão se quiser fazer alguma coisa verdadeiramente útil por este País neste momento. O tempo urge, até Julho do próximo ano, data prevista para a retirada da troica, faltam um escassos nove meses. Se, conforme nos querem fazer crer, não foram ainda iniciadas conversações naquele sentido, um segundo resgate está aí mesmo ao voltar da esquina.
Por mais arreigada que seja a sua convicção do contrário.
Do que precisamos mesmo é de outra coisa, e não é difícil perceber qual é. Precisamos que a carga de juros seja sustentável pelo nosso crescimento económico. Se não há crescimento económico capaz de fazer inflectir o crescimento galopante dos juros, a dívida continuará a esmagar-nos por mais cortes, ou mesmo também por causa deles, que o governo e a maioria que o suporta nos imponha.
Como é que isso se consegue? Pergunte à Dona Merkel. Só ela, ninguém mais, lhe poderá responder.
É aí que terá de investir toda a sua capacidade de persuasão se quiser fazer alguma coisa verdadeiramente útil por este País neste momento. O tempo urge, até Julho do próximo ano, data prevista para a retirada da troica, faltam um escassos nove meses. Se, conforme nos querem fazer crer, não foram ainda iniciadas conversações naquele sentido, um segundo resgate está aí mesmo ao voltar da esquina.
Por mais arreigada que seja a sua convicção do contrário.
2 comments:
Sim, caro Rui. Mas há mais vida para além das finanças, e ela está na economia. E essa é que, no fim, tudo (ou quase...) condiciona. Se não houver uma verdadeira reforma da administração pública, podem baixar os juros, mas, aumentando a dívida, tudo vai dar ao mesmo. Em qualquer reestruturação, começa-se pela economia. As finanças têm que resultar daí. No estado, ou nas empresas.
Se tiveres "pachorra", lê o meu último post no Quarta Republica: De orçamento em orçamento...a história de um fracasso.
Abraço
Excelente, António.
Subscrevo.
Tem apenas um problema, aliás dois.
Primeiro, leva tempo, e o pós-troica está aí ao virar da esquina.
Segundo, eles não querem ou não sabem fazer o que deve ser feito.
O Presidente da República tem a obrigação constitucional de intervir nestas situações. O regime semi-presidencialista, uma designação cunhada por Maurice Duverger, só tem base de sustentação suficiente se o PR assumir um papel mais activo em situações de crise política. Vd.
Échec au roi.
E só por reacção negativa instintiva se pode negar que Portugal não vive, pelo menos desde a posse do segundo governo de Sócrates, em situação de crise política, agravada pela crise financeira que em 2008 colocou a descoberto as nossas vulnerabilidades económicas crónicas.
Lamento dize-lo, mas o PR tornou-se corresponsável pela situação a que o país chegou. Nem sequer,
alguma vez, o ouvimos referir as anomalias que tu aqui denuncias.
Também ele, se recusa a por as mãos na batata quente.
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