Thursday, October 10, 2013

MILHÃO A MILHÃO FICÁMOS DEPENADOS

Ontem comentei aqui a impunidade com que se premeia a ligeireza no desperdício de fundos públicos retirados dos bolsos dos contribuintes, a propósito do pagamento de um milhão de euros a um consultor por um trabalho prestado que o PRG da altura julgou "insuficiente".

Ainda ontem, podia ler-se no Público on line que "o país chegou a gastar cerca de 1,2 milhões de euros para participar (no) Programa Internacional para a Avaliação das Competências dos Adultos (PIAAC) da OCDE ... mas o Governo desistiu a meio do caminho daquela que chegou a ser considerada como a mais abrangente pesquisa internacional para avaliação de competências cognitivas alguma vez realizada". Há pouco mais de uma semana lia-se aqui (comentei aqui) que "Estado tem de pagar este mês multa de um milhão por atrasos na justiça".

Observar-se-á, pertinentemente, que um milhão de euros é quase nada quando comparado com o repugnante caso do BPN (fala-se em 6 ou 7 mil milhões de euros, mas ao certo ninguém sabe) sem que, volvidos quase 5 anos após a nacionalização, a 2 de Novembro de 2008, alguém tenha sido julgado e recuperados os valores ilegitimamente abocanhados por alguns. Bem pelo contrário, foi há dias notícia que, já após a nacionalização o BPN "concedeu 135 milhões de crédito de risco à SLN Valor", uma empresa do grupo SLN, que detinha a grande maioria do capital do BPN. Quaisquer erros ou roubos cometidos em nome do Estado para assalto dos contribuintes, são peanuts quando comparados com a dimensão da impunidade que protege os vigaristas que se encobriram por detrás de um mostrengo que os principais responsáveis, entre os quais o Banco de Portugal, não quiseram ver.

Voltando ao relatório da OCDE da avaliação de literacia dos adultos, também neste caso a falta de dinheiro evitou um mal maior. Aliás, dois: Esbanjou-se menos dinheiro, e podemos continuar a supor que não ficaríamos num, mais que certo, último lugar do ranking.

 

No comments: