Teresa Caeiro referia-se a uma campanha publicitária do BPP em que participaram, além de Manuel Alegre, o social-democrata José Pacheco Pereira, o músico Pedro Abrunhosa, o escultor João Cutileiro, o advogado Proença de Carvalho, o pintor Julião Sarmento, entre outras personalidades.
Segundo o próprio Manuel Alegre afirmou ao "Diário de Notícias", em Dezembro de 2008, assim que se apercebeu da situação do BPP devolveu o cheque de 1500 euros relativo ao pagamento da sua participação na campanha publicitária.
Toda a gente, que se queira lembrar, se lembra que durante meses o Expresso publicou nas duas primeiras páginas da Única anúncios dessa outra instituição de logros que se chamava BPP, que, a par do BPN, constituem, para já, os exemplos da sordidez que atingiu o sistema financeiro em Portugal.
Nunca percebi como é que gente distinta e de vários quadrantes políticos se dispunham a escrever, ou a subscrever, um texto mais ou menos desmiolado que o criativo da agência publicitária acompanhava de comentários vendedores dos supostos méritos do banco publicitado. E perguntava-me: Quanto ganha este tipo para se prestar a este papel ridículo? Imaginei uma quantia fabulosa admitindo que, afinal, talvez seja verdade que todo o homem, ou mulher, tem um preço e que o daquela gente fina deveria ser muito elevado.
Dez mil euros?
Cinquenta mil?
Cem mil?
Por quanto venderia Proença de Carvalho, um advogado afluente e influente, para dar a cara por aquele banco privado? Provavelmente seria advogado do banco e o seu cómico testemunho estaria incluido na conta.
E Manuel Alegre? Por quanto teria vendido a sua pena? Imaginei uma pequena fortuna porque, lá está, se todo o homem tem um preço, o preço de um poeta teria de corresponder à sua grandeza. Cem mil?
Não. Afinal foram 1500.
Como é que a pena que escreveu Nambuangongo, meu amor se submeteu a uns trocos de uma tença bancária? Antes o tivesse feito por uma boa margem entre a compra e a venda de umas acções do banco. Mas por 1500 euros, Manel? Vales tão pouco?
Ainda por cima os devolveste, nem precisavas deles, e a tua valia nem sequer foi condicionada por eventual indigência.
18 comments:
Coitadito, quando lhe pediram para escrever aquilo não lhe disseram para que era, nem para quem. Ele até só queria o dinheirito para comprar duas espingardas, as mais caras do mundo, diga-se, e assim que lhe disseram que não devia fazer aquilo de acumular o vencimento pago por nós em exclusividade com o pagamento do frete ou biscate que estava a fazer, muito relutantemente acedeu a devolver os 1500 euritos (só, ou tanto, pelo que vale um tipo que nunca fez nada na vida a não ser viver à custa dos outros)que lhe pagaram para fazer o frete. Tal como as p...., gosta de vícios caros, mas não tem dinheiro para eles. Vendeu-se mais uma vez. Uma p... velha com casaco de peles novo...
Não difere em nada das que andam nas bermas das estradas.
Elas por mal delas, ele por bem dele.
A pessoa cuja " pena que escreveu Nanbuangongo meu amor" também aos microfones de Radio Argel terá relatado operações das forças portuguesas em Africa que poderiam custar muitas vidas aos nossos militares.Um homem destes, a ser verdade, merecerá 1500 € para promover algo? Só numa sociedade doente.
A propósito seria bom que Manuel Alegre que ainda hoje disse que o seu passado pode ser clarificado esclarecesse se os conteúdos das suas intervenções na radio podiam ou não contribuir para a morte de compatriotas seus.
...o seu passado pode ser clarificado...
E não só.
Como é isso de receber uma reforma da rádio e alegar que nem se lembrava de lá ter trabalhado. Trabalhar, não trabalhou, mas recebeu e continua a receber.
Quanto ao que fez antes, durante e após a sua deserção, porque é de um desertor que se trata, não convém voltar a meter as mãos no sangue.
No Sangue de Portugueses, que ao irem ao encontro da morte não sabiam quem a tinha mandado. Esse mandante é o mesmo que agora diz que não se vendeu por 1500 euros, de cada tranche, digo eu, que isso de comprar armas feitas totalmente à mão, por medida do cliente, não vai lá nem com 150.000, quanto mais com 1500.
Gosta de armas para abater seres indefesos, nada lhe custa no que diz respeito a sangue.
Fazer publicidade de um produto à altura inócuo, seja qual for o 'cachet' não é, parece-me a mim,criticável,muito menos,
condenável.Já o é se for feita em contexto de ilegalidade(Deputado).
Vergonhosa é a delação,em campanha eleitoral,da apoiante de outro candidato,Teresa Caeiro.Por acaso mexeu no nosso bolso? São estas atitudes bufonas e pidescas que levam a política aos níveis mais baixos, desacreditando-a.Já a denúncia dos relatos da rádio Argel me parece que,se verdadeiros,
são politicamente extremamente
graves.
Declaração de interesses: por estas (e por outras)nestas eleições não sou votante.
Primeiro andam todos a atirar caca para o ventilador.Segundo: Estão cheios dela. Terceiro: Com tipos a cheirar mal desta maneira, não quero nada.
Aix,
vá votar, não falte. Vote em branco anule o voto, escreva um palavrão, mas vá dizer que estes tipos todos são muito rascas para um país destes. Destes, como era antes da chegada deles.
Deram cabo disto tudo.
Sacanas!!!
"Vergonhosa é a delação,em campanha eleitoral,da apoiante de outro candidato"
Caro Francisco,
Desculpa-me mas desta vez não concordo contigo. Se a delação (para utilizar o teu termo) é criticável, então nunca conheceriam os votantes os candidatos. Ora as campanhas eleitorais fazem-se também para sabermos quem são e o que têm feito na vida.
Manuel Alegre escreveu um texto claramente publicitário ainda que e ele invoque que é literário. Não é. Como disse no meu apontamento, fiquei espantado, na altura,que Alegre, e muitos outros personagens públicos, tivessem dado a cara por um banco de investimentos.
É ilegal? Parece que não ainda que há levante a questão de o ter feito quando era deputado e haver incompatibilidade.
Não discuto a eventual ilegalidade mas discuto a responsabilidade dele, enquanto homem público ter muito provavelmente induzido algumas pessoas a tornarem-se clientes do banco. Tem de ser esse o entendimento uma vez que uma acção publicitária nunca é inconsequente.
Aliás, o testemunho de Alegre, em termos publicitários (acção com objectivos) não se distingue dos testemunhos recolhidos pelos fabricantes de detergentes para venderem os seus produtos junto de clientes que se dispõem, a troco de duma retribuição, a dizerem que o tal produto é o melhor que há.
Evidentemente que a forma é outra. Um banco não se vende com os mesmos argumentos. Mas a história é a mesma.
Daí que, do meu ponto de vista, tanto Alegre, como Pacheco Pereira, Proença de Carvalho e muitos outros sejam objectivamente co-responsáveis pelo logro em que muitos cairam e que, no fim de contas, vai ser pago por ti, por mim, e por todo o contribuintes.
É essa a história que conto hoje em "Sonhos e rabanadas - 9".
Salvo melhor opinião.
Rui, o facto de já aqui algumas vezes teres dito que a minha(nossa)discordância é para ti um estímulo estimula-me a discordar.Por pontos:
1-«Se a delação ... é criticável, então nunca conheceriam os votantes
os candidatos. Ora as campanhas eleitorais fazem-se também para sabermos quem são e o que têm feito na vida».
Aproveito:em tempos vi com os meus olhos,no pequeno relvado frente à capelinha do Restelo,o então Sr.Manuel Alegre na marmelada com uma Senhora.Como poderia não ser a legítima esposa não será despropositado acusá-lo, embora tardiamente, de ofensa à moral pública,imprópria de um futuro candidato a PR.Vamos à delação!
2-«Manuel Alegre escreveu um texto claramente publicitário ainda que ele invoque que é literário. Não é».É (pode ser) digo eu.Quem define o carácter literário não é o conteúdo mas a forma.Os sonetos pornográficos de Bocage são literatura (da boa,digo-to eu). O slogan de Alexandre O'Neill «há mar e mar, há ir e voltar» teve uma finalidade publicitára.
3-«É ilegal? Parece que não ainda que há [quem] levante a questão de
o ter feito quando era deputado e haver incompatibilidade». Quem a levanta deve é deitar-se (e dormir, se a consciência não o incomodar).Só faltava que um Deputado não pudesse escrever.A Natália Correia,então,fez pior quando em plena sessão da AR escreveu um epigrama dirigido ao deputado João Morgado:
«Já que o coito,diz Morgado
Tem como fim cristalino
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca
Temos na procriação
Prova de que houve truca-truca,
Sendo pai de um só rebento
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou para razão
Uma vez!
E se a função faz o homem,
Diz o ditado,
Consumada esse exceção
Ficou capado o Morgado».
Quão nefasto seria perdermos esta preciosidade se ao Deputado fosse proibido escrever!
3-«Não discuto a eventual ilegalidade mas discuto a responsabilidade dele, enquanto homem público ter muito provavelmente induzido algumas pessoas a tornarem-se clientes do banco». Então,caro Rui,era criticável angariar clientes (ou ser cliente)do BPP na altura do seu lançamento? Algum Banco quando criado tem como finalidade a vigarice?
4-Consideras ilícito,imoral,ou condenável alguém dizer que um qualquer produto é bom ou mesmo o melhor do mercado? No fundo é o que fazem [quase] todas as campanhas publicitárias.E não mentem porque a 'bondade' até em termos morais é subjectiva quanto mais em termos comerciais.
5-Desculpa o largo espaço que te roubei.
Caro Rui,desculpa a repetição.Acredita, não foi para reforçar o conteúdo, foi azelhice.Abç
"É essa a história que conto hoje em "Sonhos e rabanadas - 9".
Salvo melhor opinião."
Não deixe de chamar os bois pelo nome. Você sabe, tão bem como eu, que ambos os bancos que sabemos, trabalhavam em esquema Ponzi.
Publicitários/angariadores/Quem- chega-primeiro-come-mais-e-sempre/os-do-fim-são-os-que-se-lixam.
Capicci?
Caríssimo Francisco,
Claro que gosto dos pontos de vista contrários aos meus. Só deste modo se aprende.
Vamos lá então a estes teus pontos de vista:
1 - Uma personalidade pública é vista em manifestas actividades extra-conjugais.
É por demais evidente que a publicação da notícia pode interessar ou não à sociedade consoante os princípios, os tabus ou preconceitos prevalecentes.
Nos EUA poderá significar o fim de uma carreira política auspiciosa (caso de John Edwards, que concorreu à vice-presidência na lista de John Kerry). Em França ninguém ligaria a uma coisa dessas. Quem é que lá perde tempo com as vicissitudes matrioniais de Sarkozy? Muito poucos.
2 - Quando eu digo que o texto em causa é publicitário e não literário faço-o pelas razões que tu mesmo invocas: um texto publicitário não tem de ser uma menoridade literária; pode ser, admitamos, mesmo uma obra-prima de literatura.
O que define, para este caso, o seu carácter literário ou publicitário não é a forma mas o fim. Ele foi escrito, inequivocamente, para efeitos publicitários, e foi remunerado por essa razão.
Não está em causa o valor intrínseco literário do texto mas o seu propósito. Aliás, quanto maior for o valor literário maior o seu efeito pernicioso na influência que terá exercido para encaminhar clientes para o banco publicitado.
3 - Totalmente em desacordo. Meu Caro Francisco, o deputado Alegre ao subscrever um texto promocional a um banco colocou-se ao lado dos interesses desse banco.
Imagina que, num dado momento, é discutido na AR um diploma qualquer que possa atingir os interesses do banco. Como vota o deputado? Contra quem lhe pagou?
Talvez vote, talvez não. Nunca se sabe. Há conflito de interessses e o deputado, enquanto representante de quem o elegeu não pode alienar a sua independência face ao poder económico ou outro qualquer.
Quanto à Natália e ao Morgado, percebe-se perfeitamente que a Natália não estava a defender qualquer poder para além do seu.
5 - Totalmente em desacordo. Alegre não é um qualquer. É deputado. E pelas razões que atrás referi não pode dizer se este produto é bom porque isso significa a sua subordinação a outro poder que não o poder legislativo em que se encontra enquadrado por eleição do povo.
Não. Não penso que tenhas razão.
Salvo melhor opinião.
Francisco,
Há problemas no sistema.
Desta vez aconteceu comigo. Repetiu-me o arrazoado uma caterva de vezes...
"Publicitários/angariadores/Quem- chega-primeiro-come-mais-e-sempre/os-do-fim-são-os-que-se-lixam.
Capicci?"
Totalmente.
Tanto que nunca embarquei para paraíso desses.
Ora viu?
E há casos em que se gastava à tripa forra o que se ganhava em comissões de angariação...Até podiam comprar Purdeys, Cayennes, colecções de pintura a peso e assim.
Fora as férias, as festas nas ditas, restaurantes por conta, convidados pagos, champagne (o espumante dos franceses) aberto a sabre, ai, ai... Tudo em grande
Ainda a trabalhar a estas horas, António?
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