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CS - O alargamento da União Europeia é um cavalo de Tróia do neo-liberalismo no modelo social europeu. Quando os sindicatos confrontam as entidades patronais, na proximidade de um acordo, o Capital desarma o conflito com a deslocalização.
CS - O alargamento da União Europeia é um cavalo de Tróia do neo-liberalismo no modelo social europeu. Quando os sindicatos confrontam as entidades patronais, na proximidade de um acordo, o Capital desarma o conflito com a deslocalização.
C - O sindicalismo é um parceiro da solução ou um obstáculo à solução?
MC - O sindicalismo, assim como o Estado, não pode fezer nada. A menos que fosse adoptado um modelo neo-proteccionista, Governo e Sindicatos estão fora de combate. No Leste, o sr Soares dos Santos referiu isso aqui, os salários são mais baixos, a justiça funciona, o sistema fiscal mais atractivo.
JD - A sociedade está mais aberta e o sindicalismo deveria fazer muito mais pressão sobre os países que não atribuem condições que dignifiquem os seus trabalhadores. Eu não vejo essa atitude pressão de solidariedade humana por parte dos sindicalistas.
CS - Percebo a questão (de JD) do ponto de vista político mas a sua colocação deste modo revela uma carga de cinismo monumental.
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O Plano Inclinado de ontem não teve a habitual quase unanimidade de opiniões entre os participantes e os convidados do PI. Bem pelo contrário. Carvalho da Silva era o convidado necessário para dar alguma vivacidade a um programa a precisar de férias ou de reforma. Não houve réstea de entendimento mas valeu a pena.
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O Plano Inclinado de ontem não teve a habitual quase unanimidade de opiniões entre os participantes e os convidados do PI. Bem pelo contrário. Carvalho da Silva era o convidado necessário para dar alguma vivacidade a um programa a precisar de férias ou de reforma. Não houve réstea de entendimento mas valeu a pena.
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Entre Medina Carreira e Carvalho da Silva, João Duque passou a maior parte do tempo a ver passar o debate. Mas pertenceu-lhe a afimação que fez saltar CS e a desatar-lhe o saco com a panóplia de argumentos do costume. E, como era esperável, a discussão terminou sem qualquer proximidade de pontos de vista. CS fez a apologia do sindicalismo, reivindicativo por natureza, nascido com o capitalismo sem nunca o ter considerado um sistema aceitável. Em resumo, segundo CS, implicitamente, o sindicalismo não tem nem nunca teve vocação para conviver com o capitalismo mas para o combater. A superação da crise é um problema do capitalismo, uma causa de um sistema, que os sindicatos não sabem nem querem resolver.
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Equacionado deste modo, o problema não tem solução mesmo a médio prazo. Se os trabalhadores portugueses são confrontados com a concorrência de produções provenientes de países com muito piores condições salariais e os seus sindicatos não querem encarar essa desigualdade e conciliar propósitos de defesa conjunta com os investidores, só o longo prazo poderá produzir o reequilíbrio de uma situação que, por agora, parece condenada a gerar cada vez mais desemprego ou emigração.
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Pode Mário Crespo convidar Carvalho da Silva para um segundo programa mas o resultado será idêntico. O que está subjacente à discórdia não é uma questão sindical mas uma questão de sistema. E, para Carvalho da Silva, o sistema capitalista está moribundo e à espera de sucessor. Que ele não sabe, nem os seus camaradas, sabe o que será.
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* Ontem, coordenado por Mário Crespo (C), com a participação de Medina Carreira (MC), João Duque (JD) e, como convidado, Carvalho da Silva (CS). A transcrição de parte do debate, em itálico, não é integral mas suponho que não trai a intenção do que foi dito.
4 comments:
No sábado, por mera casualidade, assisti à parte final do programa Plano Inclinado da SIC-Notícias, moderado pelo jornalista Mário Crespo e convidados em estúdio, Medina Carreira, economista, João Duque, professor catedrático e o Secretário Geral da CGTP-IN, Carvalho da Silva. Achei deselegante a forma como retorquiu a Carvalho da Silva quando este afirmou e reafirmou que o nosso país não está condenado às inevitabilidades do desemprego que, perante a situação de crise que o nosso país atravessa, necessita de mais investimento nas várias áreas da nossa economia. Foi quando o senhor Medina Carreira se insurgiu contra Carvalho da Silva: "onde estão os empresários que queiram investir em Portugal, onde está o dinheiro para investir?". Mas para injectar milhões de euros no BPN e no BPP já ouve dinheiro! (digo eu). Chegando ao ponto de acusar os sindicatos e o próprio Carvalho da Silva pela sua acção desmesuradamente reivindicativa. Pergunto eu: os sindicatos existem para se porem de cócoras perante o patronato ou para defenderem os trabalhadores?! O que o senhor Medina Carreira defende é que os trabalhadores sejam por e simplesmente subsidiários!. Mas trabalhadores não baixarão os braços, resistem e isto vai meus amigos, isto vai!!! António Carvalho
"Mas para injectar milhões de euros no BPN e no BPP já ouve dinheiro! (digo eu)."
E digo eu!
Mas isso não invalida a questão repetidamente colocada por Medina Carreira (e muitos outros): Se não criarmos condções de atractibilidade do investimento, não haverá investimento, não haverá crescimento, não haverá emprego.
Claro, como a água.
www.thezeitgeistmovement.com
e já agora
""Mas para injectar milhões de euros no BPN e no BPP já ouve dinheiro! (digo eu).""
já HOUVE dinheiro! - assim se escreve. :P
"já HOUVE dinheiro! "
Evidentemente.
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