Há muita gente a criticar a obsessão da Alemanha com o reequilíbrio das contas públicas dos estados membros da UE, e em particular do SME, numa altura em que, segundo os críticos, importava fazer exactamente o contrário, a começar pela Alemanha, que deveria deixar subir os salários e, desta forma, induzir um crescimento da procura.
Ontem, transcrevi aqui um artigo, recentemente publicado no Financial Times, onde o autor, Cambiz Alikhani, Chief Investment Officer at Iveagh Private Investment House, propõe que os fundos (cerca de 750 mil milhões de euros) concertados para respaldar os países financeiramente fragilizados (nomedamente a Grécia, mas também Portugal e Espanha) sejam atribuídos a um Fundo Monetário Europeu com o objectivo de comprarem a dívida externa grega e, subsequentemente, a de Espanha e de Portugal.
A ideia parece aliciante, pode é perguntar-se para quem. Sê-lo-á para a Alemanha? A pergunta é prioritária a qualquer raciocínio que possa estabelecer-se a propósito da proposta. Porque se não interessa à Alemanha, acontecer-lhe-á o que acontece a todas as boas ideias que não funcionam.
O governo alemão, tem no actual contexto, uma posição pouco invejável: é condicionado internamente pelos alemães e pelas suas leis, mas também pelo forte envolvimento dos bancos alemães nas dívidas externas da Grécia e de Espanha; externamente, é compelida a não deixar cair qualquer membro do SME para salvar o euro e, consequentemente, a União Europeia.
A conversão de um fundo de respaldo de dívidas num fundo de aquisição de activos implica a imediata criação de moeda. Resolve o problema dos bancos envolvidos, reduz os custos da dívida para os devedores, mas, por outro lado, descomprime as acções de redução da despesa pública, do défice e da dívida, e reforça o papel de mau da fita da Alemanha.
Não sei se é sequer uma boa ideia mas duvido que o seja do ponto de vista da Alemanha. Não é, certamente, uma ideia óbvia.
Se fosse, já estaria a funcionar.
Se fosse, já estaria a funcionar.
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