Samir Amim, o economista egípcio que os neo-marxistas veneram, escreve aqui acerca da impossibilidade da União Europeia, juntando-se ao coro das carpideiras que, prematuramente, se convocaram.
A sumidade é, naturalmente, citada aqui, e o seu vaticínio mereceu-me o comentário seguinte:
Órfãos de um sistema que sucumbiu por implosão, os ideólogos marxistas não conseguiram ainda atinar com um modelo substituto.
Sem rumo autónomo, dedicam-se a encontrar lesões no sistema que sempre combateram. O que não é difícil, porque tem muitas.
Há neste esforço peregrino um paralelismo intrigante com os criacionistas: também estes, incapazes de se confrontarem cientificamente com o evolucionismo, vivem nos lapsos que a ciência sempre contém.
"Amin continua em boa forma intelectual e política"? Para os seus seguidores, certamente que sim.
Não vou analisar em pormenor do documento, até porque, como seria esperável, não é refutável em toda a sua extensão.
Remeto-me apenas a uma afirmação de Amim: "A Europe composed of 25-30 states remains profoundly unequal in terms of capitalist development."
Amim fala de uma Europa de que não sabe sequer de quantas nações é constituída. Depois aquele "remains" dá conta de toda a sua aversão ao objecto que analisa.
Amim deve saber que a Europa é uma construção recentíssima. A Europa não continua a ser, a Europa ainda é.
Mas será assim tanto, que, dessa perspectiva, esteja ferida de morte?
Os EUA são uma federação de estados que comemora dentro de dias 234 anos. Pois bem: A relação entre o PIB per capita entre o estado mais rico (o Connecticut, se excluirmos o Distrito de Columbia por pouca representatividade) e o estado mais pobre (o Mississipi) o primeiro excede em 87% o último.
Na Eurozona, a mesma relação entre a Holanda e Portugal, (exluindo o Luxemburgo pelas mesmas razões que exluimos o Distrito de Colúmbia) apresenta uma vantagem de 69% do mais rico relativamente ao mais pobre.
Há, no meio de todo este rezar de responsos à Europa, uma casualidade intrigante: a esmagadora maioria das carpideiras ou são norte-americanas, ou inglesas, ou marxistas.
Vá lá perceber-se porquê.
(Estou convicto que os seguidores de Amim também não vão dizer)
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