As negociações entre Congressistas e Senadores para aprovação da lei que pretende disciplinar os mercados financeiros nos EUA terminaram de madrugada (vd notícia registada aqui). É considerada a segunda grande vitória política da administração Obama (a primeira foi a segurança social) mas, como a primeira, ficou a meio caminho, segundo uns, excedeu-se, segundo outros.
É ainda considerada a maior alteração legislativa do sistema financeiro depois da Grande Depressão de 1929. Essencialmente reformula a actividade dos reguladores, reforçando-lhe as competências, mas, e esta é a mais contundente crítica de que desde já é alvo, atribui aos próprios reguladores a regulamentação de grande parte das condições de operacionalidade das suas atribuições. O que, dito de outro modo, coloca os reguladores na eventual pendência da sua captura pelos operadores financeiros.
E esse foi, e continua a ser, o maior problema da regulação e da supervisão. Quando se dá por eles, cairam nas mãos daqueles que deveriam supervisionar. Para cada regra, já o tenho anotado neste caderno, há sempre alguém que concebe uma contra-regra. A inovação financeira consiste em grande parte na invenção de soluções que ultrapassem os constrangimentos dos regulamentos.
Lamentavelmente, os grandes colossos financeiros acabaram por, cedendo aparentemente alguma coisa manterem, realmente, o que para eles era essencial: a continuidade da promiscuidade entre as actividades bancária e a de casino.
Sem uma separação absoluta entre uma coisa e outra nunca os contribuintes se livrarão de pagar os abusos dos banqueiros, too big to fail.
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