Friday, June 18, 2010

ENCOSTAI-VOS UNS AOS OUTROS

O mais espantoso desta decisão é ela ser notícia porque, implicitamente, revela que a situação financeira dos bancos é desconhecida, uma conclusão simultâneamente óbvia e insólita . 

Óbvia, porque é do conhecimento público que a desconfiança voltou a instalar-se nas relações interbancárias, que são bastante inconsistentes muitos activos detidos pelos bancos, que as contas não revelam esse grau de inconsistência apesar das auditorias, dos reguladores, dos "rating". 

Insólita, porque usufruindo o sistema financeiro da condição irrecusável de "crédito moral", a transparência máxima deveria ser a contrapartida daquela condição de excepção às leis do mercado. E não é. E não é em parte nenhuma do mundo, uma realidade angustiante semelhante à de um buraco aberto no fundo do mar de onde jorra imparavelmente um rio imenso de crude. Todos sabemos agora que quem abriu o buraco não tinha a mínima ideia acerca da forma de o tapar se as circunstâncias obrigassem a isso.

Assim funciona o sistema financeiro: um buraco que ninguém sabe tapar e de que, só agora, prometem dar-nos uma ideia da sua dimensão. E depois?

Depois, encostai-vos uns aos outros, que será a melhor forma de não cairmos todos.

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