Como se não bastassem os sinais de fortes dúvidas dos mercados quanto à solvência a curto prazo da Grécia mas também de Portugal e da Espanha, que se refletem no crescimento até agora imparável dos "spread" dos empréstimos, os sindicatos da função pública e os dos transportes colectivos esmeram-se em apregoar os sucessos retumbantes das greves em curso e das já anunciadas. A satisfação deles é tanta que contagia até os responsáveis pelas relações públicas das empresas manietadas: Transtejo e CP não vão ter transportes alternativos na greve de amanhã; Greve na CP permitiu apenas circulação de 20 por cento dos comboios previstos, são anúncios que nem sequer suscitam as habituais abissais discordâncias entre sindicalistas e os delegados do governo quanto à dimensão dos sucessos grevistas.
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Ouve-se esta gente excitada pelo sucesso das greves e perguntamo-nos: Riem de quê?
Dos passageiros que pagaram os passes mensais e não têm transporte?
Dos contribuintes que pagam os défices?
Dos juros crescentes que os credores exigem, cada vez mais assustados com a hipótese de tanta bagunça um dia destes tornar impossível a renovação da dívida e o colapso do tesouro público?
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Com todo o respeito que devem merecer as leis, e nomeadamente a lei da greve, há momentos excepcionais que requerem medidas de excepção. A aparente passividade com que o poder político, esteja ele onde estiver, assiste a este festival de irresponsabilidade em curso e anunciado para o futuro próximo, é inadmissível. É preciso que alguém pelo menos diga alto e bom som quanto é que este carnaval nos custa.
Se para chegarmos à bancarrota seriam precisos muitos, muitos erros, quantos é que ainda nos faltam para lá chegarmos?
2 comments:
"quantos é que ainda nos faltam para lá chegarmos?"
Pois é, todos os dias há novidades e cada vez são piores. Mais refinadas.
Isto é uma coisa assustadora!
Como é possível?
"Isto é uma coisa assustadora!"
É mesmo.
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