Friday, April 23, 2010

GOVERNO NEGATIVO*

O governo negativo da oposição na Assembleia da República não augura nada de bom. Não é a primeira vez que a conjugação contra natura dos votos dos partidos da oposição bloqueia ou contorna as opções do governo. Não se lhe pode negar legitimidade democrática mas também não podemos deixar de considerar que a base da coligação negativa entre partidos com ideologias totalmente opostas se suporta na demagogia da caça aos votos custe a honorabilidade que esses votos custarem.

Foi assim que cairam os anteriores ministros da saúde e da educação. Por este andar cairão por idênticas rasteiras os actuais titulares, a menos que não dêm passada em frente.

Não. Definitivamente não há condições de governabilidade para um governo minoritário ou monopartidário fazer com que o País honre os compromissos em que está empenhado. O default de credibilidade que já pagamos com juros crescentes alargar-se-á com consequências que poderão ser dramáticas.

Expulsar-nos-ão do euro?, perguntavámos-nos hoje ao almoço.

Por enquanto não é provável mas convém não esquecer que não é impossível.

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*Oposição aprova suspensão do fecho de quatro SAP
O Parlamento aprovou hoje, com os votos favoráveis da oposição e contra do PS, dois projectos que recomendam ao Ministério da Saúde a suspensão imediata do encerramento de quatro SAP.
Encerramento das urgências no Alto Minho na Assembleia

4 comments:

António said...

Fechem as urgências de Lisboa e vão ver quanto poupam.
Aliás, pouparíamos todos muito, mas muito, se fechassem tudo em lisboa. E ficávamos com a nossa situação económica resolvida se fechássemos o país de Leiria para baixo. Ou até mesmo, já bastava, de Alverca para baixo.
O Norte paga nas scuts, o sul não. Fecha-se tudo no Norte, no sul continua o forróbódó.
Assim é fácil.

rui fonseca said...

Caro António,

A minha abordagem não tem nem neste caso nem em nenhum outro qualquer alinhamento partidário ou regional.

Assim como critiquei a rejeição de diálogo por parte do ministro da economia há dias a uma proposta (por vaga que fosse) do PSD, também critico esta coligação negativa que se assume como um governo paralelo.

Não conheço suficientemente bem o caso de Valença. O que sei é que estas questões levantam sempre muita celeuma, muito barulho, muita televisão.

E se o governo é desautorizado sistematicamente ou ele próprio se desautorisa, a imagem que damos para o exterior fará com que os credores nos venham a equiparar dentro de muito pouco tempo à Grécia.

E então, Caro António, pagaremos (uns mais que outros, como sempre, mas sempre mais os que pagam sempre)com língua de palmo estas
brincadeiras aos governos em Portugal.

António said...

Mas explique-me, se puder, o que é que esta coisa dos grandes grupos económicos estarem isentos dos pagamentos de mais-valias faz à opinião que os tais outros do exterior têm a nosso respeito. Como será? Riem-se, Perguntam se esta gente tem o juizo todo, se nos auto-enterramos e não precisamos deles para nada nesta coisa do funeral que estamos a fazer a nós próprios.
Não é preciso ninguém para desautorizar o governo. Com coisas destas, o governo desautoriza-se e ridiculariza-nos a todos. Como pode haver respeito por quem toma medidas destas?

rui fonseca said...

"Como pode haver respeito por quem toma medidas destas?"

É difícil, é.
O sistema financeiro internacional continua praticamente sem rédeas.
Enquanto tal acontecer as medidas tomadas aqui acabam por poder ter efeitos perversos. Tributam-se as SGPS e elas fogem para outro lado. Suponho que será essa a razão.

Mas é chocante e deveriam ser explicadas as razões. Caso contrário as pessoas indignam-se e com razão.