O Presidente da República disse hoje em Setúbal que Portugal não corre o risco de bancarrota.
Horas depois o FMI disse que Portugal é o segundo país que mais pode perturbar zona euro.
Horas depois o FMI disse que Portugal é o segundo país que mais pode perturbar zona euro.
Por maior que seja o respeito que merece a opinião do Presidente da República, a opinião do FMI tem nos meios financeiros internacionais um impacto inquestionavelmente mais relevante.
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O cerco aperta-se e os especuladores, gulosos e gananciosos como é de sua natureza, aproveitam as opiniões do FMI e de outros opinadores que nos últimos dias têm lançado os holofotes sobre as dificuldades portuguesas para fazer o que sabem: especular e, deste modo, abanar o já periclitante equilíbrio da situação financeira portuguesa.
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Como se não bastassem os opinadores, mais ou menos reputados, e os especuladores, para arrombar o resto da credibilidade junto dos nossos credores, a vaga de ondas de choque sociais que se avizinham, de que nos chegam imagens de réplicas gregas quase todos os dias, e as discordâncias fanáticas entre partidos, só não levarão Portugal à bancarrota se a União Europeia à última hora nos resgatar. Mas até quando? Uma tábua de salvação lançada ao náufrago aflito pode permitir-lhe algum tempo de sobrevivência mas não o leva seguramente até à praia.
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Queria acreditar que o Presidente da República está realmente tranquilo e a bancarrota do País está longe de acontecer. Mas para acreditar preciso, e penso que os portugueses precisam, que nos expliquem quais são as coordenadas em que nos posicionamos, a inevitabilidade das medidas que foram anunciadas para sairmos do fosso em que caímos e as prováveis consequências do seu incumprimento.
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Mais: Que essa explicação seja dada por quem represente a vontade da maioria dos portugueses e seja o responsável por fazer cumprir os compromissos assumidos. Sem aquele esclarecimento e este compromisso a bancarrota se não estiver ao virar da esquina estará a caminho.
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O senhor Presidente da República se acredita que Portugal não corre o risco de bancarrota, mais do que acreditar, deve fazer por levar os portugueses a acreditarem nas medidas para fugirem dela.
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