Monday, December 15, 2008

PAÍSES À VENDA

Buying foreign land for food security
By Ashfak Bokhari/China Newes Agency


Until the mid-20th century, many European countries grew rich on the resources of their colonies. Now, the emerging economies rich in cash but facing food insecurity are acquiring vast tracts of agricultural land in developing and poorer nations, to produce food for their populations.
The countries include China, South Korea, Japan, Saudi Arabia, UAE and some western investment entities. Pakistan is among the countries where land is being acquired for the purpose.
But Africa is a major target of cheap land deals which has prompted The Guardian, London, to describe the new trend as ‘a modern-day version of the 19th-century scramble for Africa.’...
Most of the land acquisitions took place during the last nine months. Chinese firms have been engaged in acquiring lease or purchasing land in Africa, Central Asia, South America, South-East Asia and Burma for farming purposes, especially to assure China’s long-term food supplies. Even in Russia, China has bought and developed 80,400 hectares of farmland at a cost of $21.4m. A part of the produce is exported back to China....
This new trend has come under severe criticism from several quarters. The head of the UN Food and Agriculture Organisation, Jacques Diouf, has warned that the controversial rise in land deals could create a form of “neo-colonialism”, with poor states producing food for the rich at the expense of their own hungry people....
Sudan is an interesting case. Given the continuing Darfur crisis, where the World Food Programme is finding it too difficult to provide food to 5.6 million refugees, it is incredible to see foreign countries buying large tracts of farmland amidst civil war. Sudan is trying to attract investors for almost 900,000 hectares of its land. A similar case is that of Cambodia where half a million people are facing starvation. Instead of arranging food for them, its government is in talks with several Asian and Middle Eastern governments to raise at least three billion dollars by offering millions of hectares of land concessions....
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5 comments:

Rui Fonseca said...

Cara Amiga A.,

Que posso dizer-lhe? Talvez...

Que se trata de uma questão, sem dúvida pertinente, mas não me parece que possam considerar-se estas compras de terrenos um caso de neo colonialismo.

Primeiro, porque não há uma ocupação soberana, isto é, a propriedade comprada pelos chineses não passa a ser território chinês. Em qualquer momento pode ser nacionalizada ou expropriada pelo Estado.

Segundo, não há extracção de recursos não renováveis. Hoje pode cultivar-se milho e daqui por cem anos o terreno lá continua para essa ou outra finalidade produtiva.

Aliás, temos um caso bem parecido aqui entre nós. Não estão cidadãos espanhóis a comprar terrenos no Alentejo para instalação de olivais em terrenos que estavam desaproveitados? Que diferença faz se o olival é do senhor E, espanhol ou do senhor P, português?

Por mim prefiro que esteja o terreno aproveitado. Alguma influência positiva terá à sua volta.

Não concorda?

Uma dessas influências positivas será o de incentivar os locais a fazerem o que passaram a ver fazer aos estrangeiros que chegaram.

Salvo melhor opinião.

A Chata said...

Tem a noção do que os chineses fizeram com os terrenos de cultura do país e a água dos eios?
Entre fábricas, barragens e poluição - foram-se!
Se os governos corruptos de África se deixaram comprar para o Ocidente e, agora, a China, a India e os Emiratos arabes saquearem o petroleo, os diamantes, o ouro, etc... mantendo as populações dos seus países na miséria que conhecemos o que acontecerá se a essas populações for retirada a pouca agricultura de sobrevivência que lhes restou?

"Hoje pode cultivar-se milho e daqui por cem anos o terreno lá continua para essa ou outra finalidade produtiva."

Os terrenos tambem se esgotam para a produção agricola se forem explorados de maneira intensiva e sem preocupações ecologicas.

Quanto a "influências positivas à sua volta",
tendo em conta a natureza humana e o passado, tenho uma certa dificuldade em imaginar quais serão.

Rui Fonseca said...

Cara Amiga A.,

Eu só tenho uma certeza: a de que não tenho a certeza de nada.

Aquilo que me parece, posso estar enganado evidentemente, é que a "invasão amarela" terá (está a ter) consequências positivas e negativas para os outros povos.

O balanço, penso eu, será (já é) francamente positivo.

Se é certo que há muita poluição e degradação na China também é certo (porque o constatei quando lá estive há relativmente pouco tempo) há hoje uma grande preocupação em alterar hábitos e processos no sentido de proteger o ambiente.

Quanto aos aspectos da degradação dos solos, a história humana demonstra que não foram os processos de agricultura ou silvicultura intensiva que degradaram os solos. Bem pelo contrário, foi a exaustão sem reposição que causaram muitas desertificações.

Na Ilha da Páscoa, o homem cortou a floresta para poder erguer aquelas estátuas enormes como forma de afirmação pessoal perante os outros e os deuses. Cortou, desertificou.

Na Amazónia, porque por razões de sobrevivência, o homem corta a floresta para semear, cozinhar e se aquecer, está a deixar a desertificação atrás de si. Se lhe atribuissem terras aráveis ele deixaria de abater a floresta amazónica.

Na Suécia e na Finlândia, a floresta é a grande fonte de riqueza, nomeadamente para a produção de papel. Tem-se reduzido a floresta por esse motivo? De mdo algum. Nunca a superfície florestada na escandinávia foi tão extensa. Apesar de uma árvore, para ser aproveitada pela indústria, levar cerca de 80 anos a crescer.

A propósito devo dizer que é um erro crasso afirmar que a floresta amazónica está a ser devastada para a produção de papel. Não é verdade. Há muitos cortes para outros fins, nomeadamente madeiras para obras, mas não para a produção de papel. Mas o principal objectivo desses abates, como referi, são obter combustível e terreno para cultivo, que se esgota ao fim de poucos anos.

Volto ao Alentejo: como lhe disse, há espanhóis a instalar olivais onde dantes nada havia ou havia olivais abandonados. Começa a observar-se que também alguns portugueses começam a fazer o mesmo.

O homem herdou do seu primo símio uma característica notável: a imitação. Que pode ser um factor de progresso.

Suponho eu.

A Chata said...

Caro amigo
Não imagina como invejo a sua visão do Mundo.

"Na Amazónia, porque por razões de sobrevivência, o homem corta a floresta para semear, cozinhar e se aquecer, está a deixar a desertificação atrás de si. "

Então e as empresas madeireiras que levaram o Jacarandá, por exemplo, à extinção?

"Na Suécia e na Finlândia, a floresta é a grande fonte de riqueza, nomeadamente para a produção de papel. Tem-se reduzido a floresta por esse motivo? "

E a invasão de eucaliptos em Portugal?

"O homem herdou do seu primo símio uma característica notável: a imitação. Que pode ser um factor de progresso."

Pode ser um factor de progresso ou de catastrofe.

Copiámos as teorias politicas e economicas uns dos outros e agora é o que se sabe e ainda vamos saber.

Rui Fonseca said...

"Então e as empresas madeireiras que levaram o Jacarandá, por exemplo, à extinção?"

Cara Amiga A.,

Confirma o que lhe disse: o colonialismo caracterizou-se (ou caractareiza-se, se quiser) pela apropriação dos recursos não renováveis. O jacarandá, sendo renovável a longo prazo, não foi objecto de cultivo com a finalidade de reposição do stock. A agricultura caracteriza-se pela
utilização da terra para a obtenção de recurso renováveis. Era dela que falávamos.

"E a invasão de eucaliptos em Portugal?"

Tem permitido a Portugal a utilização de muitos terrenos que, de outro modo, estariam pousios. É uma das maiores fontes de exportação portuguesa. E de muita qualidade, garanto-lhe.

Há muita ideia feita acerca dos eucaliptos que não tem a mínima justificação. O que não quer dizer que não haja também alguns excessos negativos.

"Copiámos as teorias politicas e economicas uns dos outros e agora é o que se sabe e ainda vamos saber."

Copiar nem sempre é factos de progresso mas muitas vezes é. Por isso disse: Pode ser um factor de progresso.

Veja o caso japonês: começou a reconstrução da sua actividade produtiva copiando até ao ponto que começou a inovar e a liderar. A Coreia do Sul fez o mesmo. A China também.

No caso que estávamos a falar dei-lhe um exemplo doméstico: O de estarem alguns (lamentavelmente, poucos) portugueses a seguir as pisadas de investidores espanhóis instalando olivais no Alentejo.