Tuesday, November 18, 2008

O COMEÇO DO FIM

Ouço e não quero acreditar no que ouço: "Não é possível, em democracia, fazerem-se reformas estruturais ... precisaríamos de suspender a democracia por seis meses para as conseguir implementar". Se não foi assim, tal e qual, foi muito parecido.
.
Durante os próximos dias, pelo menos, teremos um mote para muito entretenimento. Até que apareça o senhor que se segue.
Presumo que ele não esperasse que acontecesse tão cedo.
------------
(colocado quatro horas depois)
Ferreira Leite pergunta se "não seria bom haver seis meses sem democracia" para pôr "tudo na ordem" 18.11.2008 - 17h20 Lusa
A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, perguntou hoje se "não seria bom haver seis meses sem democracia" para "pôr tudo na ordem", num comentário às reformas que o actual Governo tem realizado em áreas como a justiça, educação ou saúde.
No final de um almoço promovido pela Câmara de Comércio Luso-Americana, Ferreira Leite elegeu a reforma do sistema de justiça "como primeira prioridade" para ajudar as empresas portuguesas. Questionada sobre o que faria para melhorar o sistema de justiça, a líder social-democrata demarcou-se da atitude do primeiro-ministro, José Sócrates, que "na tomada de posse anunciou como grande medida reduzir as férias do juiz".
Defendendo a ideia de que não se deve tentar fazer reformas contra as classes profissionais, Ferreira Leite declarou: "Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia...". "Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se", observou em seguida a presidente do PSD, acrescentando: "E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia". "Agora em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar - porque nessa altura estão eles todos contra. Não é possível fazer uma reforma da justiça sem os juízes, fazer uma reforma da saúde sem os médicos", completou Manuela Ferreira Leite. A presidente do PSD disse que a última coisa que faria num discurso de posse como primeira-ministra seria "atacar fosse quem fosse" e acusou o Governo de ter falhado as reformas da educação, saúde, Administração Pública e justiça. "Qualquer político que pretenda alterar um sistema não o pode fazer contra esse sistema. Portanto eu acho que estão arrumadas, no mau sentido, as reformas da educação, saúde, Administração Pública, justiça. Fizeram-se umas coisitas, mas não é a reforma", considerou. À saída do almoço-debate, Manuela Ferreira Leite não quis responder às perguntas dos jornalistas, que tentaram questioná-la sobre as suas declarações relativas à democracia. A presidente do PSD respondeu apenas à primeira questão, sobre o ministro da Agricultura, Jaime Silva, dizendo que mantém todas as críticas que fez à política agrícola do Governo: "Não retiro uma vírgula àquilo que disse".

2 comments:

aix said...

Gafes desta grandeza só me lembro das do Américo Tomás que os com mais de 40 anos não ouviram mas podem ler (excertos) na Seara Nova para se rirem um pouco. Pior, se possível, só o contra-ataque do PSD à análise do PS pela voz do Alberto Martins: falou usando a figura retórica da ironia!Até poderia ser, mas seria mais requintada se dissesse, por exº:as reformas devem ser feitas pelo partido da oposição com menor representatividade, que usurparia o poder durande 6 meses, voltando depois os do poder legítimo mas já com as reformas em marcha. Pelo menos tinha mais graça.O comentário do LF Meneses(o Sá Carneiro deve andar às voltas na tumba)é benévolo; melhor andaria se disse que, se soubesse, sairia de lá para lhe pregar um bom par de estabefes, mesmo tratando-se de srª.
[Em tempo: Rui obrigado pela amabilidade da reprodução que não merecia]

aix said...

é, obviamente, com menos de 40 anos.