O número de habitações degradadas, abandonadas, a desfazerem-se a pouco e pouco, em Portugal, é indicador de muita coisa mas também de falta de cultura de vivência colectiva. Um prédio em ruínas é (deveria ser) motivo de vergonha. Do dono e dos vizinhos. Mas quando a paisagem portuguesa, urbana ou rural, está enxameada de ruínas, a vergonha deveria ser nacional. E não é. Não é porque, em termos sociológicos, o português é uma ilha ambulante sem vizinhança à volta. O seu mundo é aquele que as paredes da casa que habita definem. À volta dele é o mundo dos outros. Mas há excepções, evidentemente.
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Invocam-se, para justificar este desmazelo colectivo, várias razões e também o sacrossanto direito de propriedade. Por detrás deste, contudo, acoberta-se geralmente o direito de expectância e especulação imobiliária. Mas também, muitas vezes, encrencas e disputas que nenhuma lei razoável ameaça por termo.
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Os exemplares são tantos que qualquer indicação de um exemplo poderá ser suspeita de parcialidade. Convenhamos, contudo, que há situações de abandono que são mais ostensivas que outras. Uma delas situa-se em Azenhas do Mar.
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Quem se aproxima de Azenhas do Mar vindo da Praia das Maçãs, se souber ver e sentir, terá der esfregar nos olhos para não desconfiar da sua acuidade visual. E isto, porque no meio de um cenário urbano alcandorado nas rochas que crescem do mar, que não é rico mas é majestoso de simplicidade e brancura, atravessa-se um conjunto de casas quase desfeitas, bombardeadas pelo tempo e pela incúria.
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Quando, há dias, por lá passámos, estava o dono em cima duma escada a retirar pedaços de pedra meia desfeita para um saco de plástico com o objectivo, disse ele, de evitar que elas caiam e entupam o ralo da valeta de esgoto que lhe fica em frente. Está aquela avantesma de pedra podre, argamassa desfeita e cacos por todo o lado, naquele estado, segundo o cidadão proprietário, há trinta e tantos anos. Mas não vende nem aceita propostas! Não, enquanto não resolver umas questões com os vizinhos
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Por quê? Porque os vizinhos são uns crápulas que o andam a atormentar colocando-lhe à porta baldes de merda, (com vossa licença)!
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Ouvi, dei comigo a perguntar-me que alternativas têm aqueles vizinhos, e continuo a achar uma só resposta: a penalização fiscal do património abandonado até ao ponto em que a expectância seja desincentivada.
1 comment:
I am never sure of the translation iget on Babelfish but my sense from your post is that people do not maintain their houses in Portugal. If that is the case then it is an interesting one. If it is matter of wealth then over time as Portugal grows wealthier there shoudl be fewer such houses. But I suspect it is more than that. One suspect may be local regulations -- can people rent their homes for market value? If not then the desire to maintain beach homes may be less. One may also argue that there is a culture of a lack of civic pride. If that is so then the real question is -- why is there a lack of civic pride? That is an interesting question that I dont have an answer to.
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