Tuesday, August 14, 2007

A BELEZA E O MIGUEL

Miguel Beleza foi ontem entrevistado na SIC-notícias por Mário Crespo, tendo como motivo o actual desconcerto nas bolsas mundiais e as culpas das sub-prime nos EUA no cartório.
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Para além de uma indisfarçada obsessão de Miguel Beleza pelo trocadilho e pelo donjuanismo serôdio, denunciando sintomas de algum trauma mal curado, o entrevistado fez algumas declarações que merecem registo.
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Questionado sobre a perda de independência do Banco de Portugal com a entrada de Portugal no euro, Miguel Beleza, recordou os tempos em que foi Governador do Banco de Portugal, o euro ainda não existia, e a sua preocupação enquanto Governador era tentar adequar a política monetária às opções do BundesBank. De vez em quando, com alguma sorte e bom relacionamento, sabia com breve antecedência para onde iam as intenções dos alemães. Mas o escudo não era independente nem poderia sê-lo no âmbito duma economia integrada. Quando os ingleses decidiram escapar à ligação ao marco, a libra não aguentou e saiu do sistema.
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Se alguém perdeu independência foi o marco alemão.
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E a propósito de uma peça que tinha antecedido a entrevista, e que recolhia a opinião de populares acerca de resultados ontem divulgados segundo os quais os salários em Portugal são os mais baixos (60% da média) da Europa-15 e o custo de vida 20% também abaixo da média do mesmo grupo, Miguel Beleza foi peremptório a classificar de disparate a percepção das pessoas de que a entrada no euro teria gerado um crescimento maior dos preços do que aquele que se verificaria se tivessemos mantido o escudo.
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Pareceres que coincidem com aquilo que aqui tenho escrito acerca dos mesmos assuntos.

1 comment:

O Reformista said...

Caro Rui Fonseca

Creio que não o conheço mas estou 100% de acordo com o comentário que fez no Quarta República sobre a questão de "leadership"

Por três razões:

Se não for para mudar os eleitores não mudam a orientação de voto.

Novas políticas só são concretizáves com uma preparação técnica e ideológica prévia à chegada ao governo. Os primeiros seis meses de governo são fundamentais para arrancar com elas

É única forma de evitar que os Boys ocupem o Estado. Depois já ninguém os arranca. Com a agravante de passarem a confundir o Interesse Público com o seu próprio interesse.

António Alvim