Saturday, August 25, 2007

AS BARBAS DO VIZINHO

Os alertas para a excessiva importância do sector da construção civil em muitas economias, e nomeadamente em Portugal, têm barbas. Tantas e já tão compridas que o mais certo é que, quem os ouve, encolha os ombros e pense: Há quantos anos já eu ouço essa história?!
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A recente, e ainda latente, turbulência nos mercados financeiros internacionais veio demonstrar, sem margem para dúvidas, que o perigo de uma crise profunda promovida por este excesso especulativo que se gerou durante muitos anos à volta do sector imobiliário é, mais do que real, ameaçador da estabilidade económica global pelas interdependências que hoje unem os agentes financeiros numa rede que cobre todo o mundo.
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A Bloomberg noticia hoje a falência de uma grande construtora espanhola, a Astroc Mediterraneo SA que, no espaço de 6 meses, viu cair 89% o valor das cotações das suas acções em Bolsa.
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Há muito tempo que a Espanha vem sendo referenciada como um dos países onde a febre construtora, principal motor do "milagre económico" da sua economia, apresenta valores elevados e alarmantes, sendo esperável que, mais tarde ou mais cedo, a bolha rebente e o "milagre" se esfume.
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Em Portugal, a situação não é, em termos relativos, significativamente diferente, e, se é, é para uma maior dependência da nossa economia do sector da construção civil. Alguma coincidência de interesses, por um lado, entre construtores e banqueiros, e de uma propositada opacidade do mercado, tem sustentado o crescimento do stock de casas à venda para valores que um mercado mais transparente e concorrencial não consentiria.
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Com o aumento das taxas de juro e o crescimento do nível de endividamento dos tomadores dos empréstimos, a tendência que se vinha observando, mas que sofreu alguma inflexão recentemente, não tem espaço para prosseguir.
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Que mais nos irá acontecer?

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