Wednesday, August 15, 2007

A PILA DO XÁ DA PÉRSIA

O meu Caríssimo Amigo Pinho Cardão continua a bradar no Quarta República :
Abaixo os impostos! E eu, que acabei de receber aviso para pagar o IRS, acrescento: Com efeitos retroactivos, se faz favor!
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No princípio da década de 60, o Xá da Pérsia andava preocupado com a sucessão, a bela Soraia, a dos olhos grandes e verdes, não lhe dava um herdeiro. Foi a linda Soraia repudiada, e o Xá conseguiu o que queria da Farah Diba. Para comemoração do júbilo decidiu o Xá baixar os impostos.Na altura, dizia-se:
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A pila do Xá da Pérsia
Os impostos faz baixar.
Ora bolas para a inércia
Da pila do Salazar.
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Apesar da medida, o Xá foi destronado poucos anos depois por quem acenou ao povo com propostas mais aliciantes. Até hoje, ainda não parou de rodar o caroussel.
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Caro Pinho Cardão: Andamos para aqui a serrar presunto e tu sempre a escapares-te a dizer como é que resolves a questão intrincada que decorre da baixa de impostos sem criação prévia das condições que a consintam. Se reduzes os impostos sem reduzires a despesa aumentas o défice ou a despesa pública. Certo? Achas que isso é possível, e ainda que fosse consentido pelas obrigações que temos como membro da UE, achas que seria conveniente para a economia? Achas que o aumento do consumo privado (se pensamos nos impostos sobre as famílias) teria efeitos sobre a produção nacional? Não. Teria, sobretudo, efeitos sobre as importações.
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Quanto à tributação sobre as sociedades (IRC) ele é bastante baixo se considerares não o imposto nominal mas o real, aquele que resulta depois das deduções e das isenções concedidas em protocolos individuais com os promotores de investimento.
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Tens algum projecto, alguma boa ideia de investimento, que esteja constrangida por razões de competitividade fiscal? Se tens, aqui publicamente, assumo o compromisso de te resolver o problema. E não tenho contactos privilegiados no Ministério das Finanças, garanto-te.
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Escreve, pois, aí, como é que descalças a bota se em lugar de empurrares no calcanhar começares por puxá-la pela biqueira.
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PSD - Já agora diz-me que leitura fazes da nossa posição relativa, no âmbito dos 15, em termos de desigualdade social: somos o país, naquele conjunto, onde é maior a diferença de rendimentos entre ricos e pobres. Por falta de competitividade fiscal?

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